O ministro da Saúde Marcelo Queiroga
Walterson Rosa/MS
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga

Marcelo Queiroga foi o nome proposto pelo governo de Jair Bolsonaro para ocupar o vácuo deixado no Ministério da Saúde após a demissão do general Eduardo Pazuello. Prestes a completar nove meses no comando da pasta, ele é, desde Mandetta, o ministro que permaneceu por mais tempo no cargo.

O cardiologista chegou com as credenciais de ser um nome técnico, adepto da ciência, depois de muitas polêmicas durante a gestão de Pazuello. Agora questionado por parecer sucumbir aos desejos do presidente, ele já chegou a ser chamado de "Pazuello de jaleco" na CPI da Covid.

Muitos nomes, indas e vindas

Bolsonaro iniciou seu governo com Luiz Henrique Mandetta, ex-deputado e parte de sua base governista, no comando da saúde. Médico ortopedista, no início da pandemia ele adotou uma estratégia de transparência e divulgação diária dos dados.

Em dado momento, sua postura foi de encontro com as opiniões do presidente sobre a covid-19, como nas questões relativas ao isolamento social, em uma época em que as vacinas ainda eram um desejo distante.

O substituto escolhido foi Nelson Teich, oncologista, que também esbarrou nos desmandos do presidente. A gestão durou apenas um mês, de abril a maio. Foi com Eduardo Pazuello, ex-assessor de Teich e general do Exército, que Bolsonaro viu suas decisões colocadas em prática diretamente no ministério.

Mais tarde, na CPI da Covid, senadores passaram a investigar a existência de um "gabinete paralelo", que tomava as decisões para a pasta, como a orientação para o uso do tratamento precoce, com remédios sem eficácia comprovada.

Mas Pazuello também caiu, e em 23 de março, Queiroga foi oficializado no cargo.

Polêmicas

Logo de cara, o novo ministro precisou lidar com uma declaração do presidente sobre o uso de máscaras. Bolsonaro afirmou que o ministro estaria preparando uma portaria para desobrigar o uso do equipamento - o que não aconteceu. No entanto, veio a público dizer que "o cuidado é individual", ao se posicionar contra uma lei que obrigue o uso.

Mais recentemente, Queiroga foi mais uma vez questionado por sua conduta à frente do Ministério ao voltar atrás e suspender a vacinação para adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Dias antes, o a pasta havia liberado a imunização, no entanto, ele alegou "falta de evidências" que comprovassem a efetividade na falta etária, o que não é verdade. Alguns cometaristas políticos atribuem a decisão a um pedido de Bolsonaro.

Os governos estaduais não seguiram a orientação, e dias depois, a vacinação dos adolescentes voltou a ser endossada pelo comandante da Saúde.

Covid-19 nos EUA

Em Nova York para a Assembleia-Geral da ONU, a negativa de Bolsonaro em relação à vacina já era motivo suficiente para a comitiva brasileira estampar todas as manchetes. Mas o ministro também chamou atenção.

Ao se deparar com manifestantes contrários ao governo de Bolsonaro, ele se irritou e mostrou o dedo do meio para o grupo. Pouco tempo depois, ele afirmou que se tratava de uma falha: "é da natureza humana".

Mesmo sendo o único da comitiva a sempre aparecer usando máscara, Queiroga teve covid-19 durante a viagem. O ministro ficou isolado em um hotel, e retornou ao país sozinho, após cumprir quarentena.

"Melhor perder a vida do que a liberdade"

Dita no contexto da exigência sobre o comprovante de vacinação para viajantes que desembarcam no Brasil, o ministro disse que o documento causa mais "discórdia" do que "consenso".

Segundo ele, exigir um comprovante de vacinação seria podar as liberdades individuais.

"Nós queremos ser, sim, o paraíso do turismo mundial. E vamos controlar a Saúde, fazer com que a nossa economia volte a gerar emprego e renda. Essa questão da vacinação, como realcei, tem dado certo porque nós respeitamos as liberdades individuais. O presidente falou agora há pouco: 'às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade'.

Diante da repercussão negativa, ele afirmou que a fala não está relacionada com seu posicionamento sobre a vacinação e que foi mal interpretado pela imprensa e pelo público.

"Eu falei contra? Isso é interpretação de vocês. Pegue a minha fala e vocês vão ver a minha fala. Falei da OMS (Organização Mundial da Saúde), falei que a OMS falava que não era razoável discriminar as pessoas vacinadas ou não vacinadas. Essas interpretações foram feitas por vocês, não foram feitas por mim. Eu tenho trabalhado fortemente aqui no ministério, desde que cheguei aqui, recebendo as recomendações do presidente Bolsonaro, para controlar a pandemia", disse.

“Está no hino da independência, né? Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil. O sol da liberdade em raios fúlgidos. Vamos parar com essas polêmicas. Vamos avançar, ver os resultados que temos aqui no Brasil”, finalizou.

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