Com o aumento significativo e repentino de casos de influenza, que já pressionam o sistema de saúde, a cidade de São Paulo recebe nesta quinta-feira um lote de 400 mil doses de vacina contra a gripe do Instituto Butantan e começa a vacinar a população amanhã (24). A previsão é que a capital paulista receba um milhão de imunizantes do Butantan.
Os imunizantes são destinados às pessoas que ainda não se vacinaram este ano, principalmente as dos grupos prioritários: gestantes, puérperas (mulheres passando pelo puerpério, período pós-parto), lactantes, idosos acima de 60 anos e crianças de 6 meses a cinco anos de idade.
As vacinas que serão aplicadas nesta nova rodada, porém, não contêm a variante do vírus H3N2 que tem sido identificada como causa principal do aumento de casos de gripe. A linhagem “Darwin” foi predominante na temporada de gripe no hemisfério Norte, e só deve ser incluída na composição das vacinas por aqui com a proximidade do inverno no hemisfério Sul, no ano que vem.
Quando as atuais vacinas contra a gripe no Brasil começaram a ser aplicadas, há mais de seis meses, essa nova variante ainda era desconhecida, daí a justificativa de ela não ter ação específica contra ela.
Mesmo assim, especialistas defendem o imunizante atualmente disponível para quem ainda não foi vacinado, pois ele confere proteção contra casos graves provocados por outros vírus influenza que também circulam no país, em um momento em que as atenções estavam voltadas para a Covid e muitas pessoas não se vacinaram contra a gripe.
No Brasil, o Instituto Butantan é responsável por fornecer as doses de vacina contra a gripe ao Ministério da Saúde e que são usadas nas campanhas anuais. O instituto já afirmou que começará a produzir a versão atualizada do imunizante, que engloba a nova variante H3N2, em janeiro do ano que vem. O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que já iniciou tratativas com o Butantan para adquirir as vacinas.
Sistema de saúde sobrecarregado
A epidemia de influenza já provoca sobrecarga no sistema de saúde de São Paulo, e pacientes reclamam da falta de médicos para atendimento em diferentes hospitais públicos da capital e do estado.
No Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, na Zona Sul da capital, pessoas que procuraram atendimento com sintomas gripais ficaram deitadas nos corredores ou no chão por falta de espaço.
Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), também há lotação e demora no atendimento.
Até a última segunda-feira (20), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) registrou um total de 156.629 atendimentos a pessoas com quadro respiratório, sendo 73.718 suspeitos de Covid-19. O número já é maior do que os casos identificados em todo o mês passado, de 111.949 atendimentos, sendo 56.220 suspeitos de Covid.