Ômicron: Rio já vive uma nova onda da Covid, diz secretário de Saúde
Ascom/SMS
Ômicron: Rio já vive uma nova onda da Covid, diz secretário de Saúde

O rápido crescimento de casos que a cidade do Rio enfrenta no começo de 2021 já é considerado uma nova onda da doença por Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde. Esta é a quinta onda da doença que a cidade do Rio enfrenta desde o início da pandemia e coincide com o  estabelecimento da variante Ômicron na cidade. Nesta quinta-feira O GLOBO mostrou que em um intervalo de 20 dias o aumento de novos casos ultrapassa 10.000%.

Soranz já considera que a nova variante está estabelecida no Rio e compara o rápido crescimento de casos que ocorre no Rio com o que aconteceu na África do Sul, país onde a variante Ômicron foi identificada pela primeira vez.

"Estamos vivendo um aumento de número de casos muito expressivo e um espaço de tempo muito curto, exatamente da mesma maneira que ocorreu na Europa e África do Sul. Felizmente ele não vem acompanhando de aumento de casos graves e internações devido a nossa alta cobertura vacinal", diz Daniel Soranz.

Segundo o secretário, ainda não se discute endurecer as medidas de restrição no Rio. Ele cobra que as atuais sejam seguidas à risca pela população. Atualmente, as únicas restrições em vigor na cidade são a obrigatoriedade do uso de mascará e o “passaporte da vacina”:

"Neste momento precisamos apertar o cumprimento das medidas já colocadas, usar máscara em locais fechados e quando tiver em locais de aglomeração. Apertar ao máximo para que as pessoas só estejam em ambientes fechados com vacinação completa", afirma.

Está marcado para o próximo dia 12 de janeiro uma reunião entre os técnicos da prefeitura e o Comitê Científico do município. Nesta sexta-feira, será vez dos especialistas que assessoram o governo estadual se reunirem para discutir o rápido avanço da doença.

Aumento na procura por vacinas

Atualmente o aumento abrupto de casos não reflete em um salto de internações na rede pública na cidade do Rio. Na noite desta quinta-feira, 33 pessoas estavam internadas na rede pública do Rio. Numero superior ao do Natal, por exemplo, quando 12 estavam hospitalizados. O “descolamento” da linha não é visto ainda com preocupação por Soranz, que destaca que grande parte dos internados não foi vacinado ou não receberam o reforço da vacina contra a Covid-19:

"Somente com uma alta cobertura de dose de reforço é que vamos conseguir conter o aumento das internações e de óbitos, precisamos reforçar a necessidade de todos se vacinarem ao completar 4 meses da segunda dose. O que preocupa é que quem está internando são os não vacinados ou com vacinação incompleta", alerta.

A expectativa da prefeitura do Rio é de somente em janeiro aplicar mais de 800 mil doses de reforço em toda a população. Com o aumento de casos e o estabelecimento da variante Ômicron, a procura pela terceira dose aumentou. Na última semana do ano foram aplicadas, em média, 26 mil terceiras doses. Nesta terça feira, foram mais de 46 mil reforços.

As 'ondas' da Covid-19 no Rio

Desde março de 2020 a cidade do Rio já enfrentou ao menos quatro "ondas" da Covid-19. A primeira foi logo no início da pandemia, quando perdurou até o meio do ano. E os números da Covid-19 mostram que o Rio viveu outras três ondas da doença em 2021, que coincidiram com a entrada e aumento da circulação de variantes do coronavírus. Especialistas avaliam que com a entrada da nova cepa na cidade, a tendência é que o processo se repita.

"Estamos vendo perto da gente o aumento de casos. Vínhamos de uma redução de casos por 17 semanas e, de repente, a gente começa a ter um aumento. É claro o indicativo de uma nova variante. E toda vez que temos uma nova cepa chegando, significa que teremos mais casos. É por isso que ela foi classificada como uma variante de preocupação pela Organização Mundial de Saúde. Felizmente   não tem gerado casos graves, óbitos e internação", disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em transmissão on-line com o prefeito Eduardo Paes.

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Virada de 20/21 em meio a uma onda

No fim de 2020, enquanto o país discutia o planejamento para a vacinação da Covid-19, o Rio enfrentava um aumento de casos graves, óbitos e casos de coronavírus. A onda de casos se estendeu para os primeiros dias de 2021 e coincide com o estabelecimento da variante P2, identifica primeiramente no próprio estado do Rio.  Por causa do aumento no número de casos, a festa de réveillon de 2020 para 2021 foi cancelada pela prefeitura. O Rio chegou a ter mais de 1,7 mil casos confirmados para o dia primeiro de janeiro e 92 mortes.

A variante Gamma

Em março, a cidade enfrentou a segunda onda da doença no ano, que seria uma das mais graves. Os casos foram provocados majoritariamente pela variante Gamma, identificada primeiramente em Manaus. Pela primeira vez na pandemia o número de pedidos de internação para terapia intensiva superava os de enfermaria. O aumento abrupto levou a um outro problema nos hospitais: a escassez de medicamentos do “kit intibuação”.

O alto número de pessoas agravando pela Covid-19 nesta época se perdurou por mais tempo, ao contrário da onda anterior. Com o avanço da vacinação para adultos, os números foram reduzindo, mas ainda em um patamar alto. No pico desta onda, o Rio chegou a ter 165 óbitos em um único dia — quase sete por hora.

A variante Delta

Os casos da doença haviam se estabilizado em números ainda altos, quando a variante Delta começou a circular no Rio. Em julho, os casos começaram a voltar a subir, embora desta vez não a curva de óbitos não tenha acompanhado tão vertiginosamente. A explicação, segundo especialistas, foi o avanço da vacinação, que já começara a contemplar adultos mais jovens.

Desde então, com o avanço da imunização para todos os maiores de 12 anos, os casos de Covid-19 na cidade vinham em queda vertiginosa desde o final de agosto. Em dezembro, apesar da epidemia de gripe, o Rio teve os menores índices de novos casos e óbitos por coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020. Foram esses um dos indicadores apontados pelos Comitês Científicos do da prefeitura do Rio e do governo do Estado que embasaram a decisão de retirara obrigatoriedade do uso de máscara ao ar livre e, posteriormente, permitir a realização de queima de fogos em Copacabana e outros pontos da cidade.

A chegada da Ômicron

A vigilância genoômica, que acompanha a evolução das variantes no Rio ainda investiga em todo o estado 312 casos suspeitos de serem Ômicron, embora até o momento tenha confirmado apenas três. A chegada da variante ocorre no mesmo momento que há problemas nas plataformas de notificação do Ministério da Saúde, o que pode atrapalhar a vigilância.

Pela primeira vez nos últimos quatro meses a cidade do Rio registrou no dia 5 de janeiro mais de dois mil casos de Covid-19 em um único dia. O painel da prefeitura do Rio mostra que, no 1º de janeiro, 2.075 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Em uma semana, do Natal para o réveillon, a alta foi de 657%. Se considerar o período de 20 dias, a escalada foi de 10.821%.

Esse número de 2.075 se refere ao total de pacientes que relataram ter começado a sentir os sintomas da infecção no dia 1º e ainda deve subir, já que novos casos atendidos nos próximos dias ainda podem ser inseridos no sistema. Nesta quinta-feira, por exemplo, o GLOBO publicou que os dados inseridos até quarta-feira representavam uma alta de 6.778% em 20 dias. Mas com a atualização dos números, o crescimento é ainda maior.

A crescente nos casos acende um alerta. Os dados mostram que o número e casos diários também já ultrapassou a marca de dois mil no dia 2 de janeiro. Desde o dia 20 de agosto de 2021 não havia mais de 2 mil casos confirmados em um único dia e, desde o meio de agosto, não havia dois dias consecutivos com dois mil casos ou mais.

O avanço da doença se reflete na taxa de positividade dos testes para diagnosticar a Covid-19, que subiu de 13% na última semana do ano para 43% nos primeiros dias de 2021  Esse é um dos indicadores que apontam que a curva de contágio deve subir ainda mais. O dado inclui testes realizados nas redes pública e privada. Somente em unidades da prefeitura, a positividade foi de 17% nesta quarta-feira. O grande volume de pessoas que estão fazendo os exames tem atrasado a inclusão dos resultados nos sistemas.

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