Seguindo a tendência de outras regiões do Brasil, o governador João Doria anunciou hoje a desobrigação do uso de máscaras em locais abertos em todo o estado . Antes do estado, outras onze capitais já haviam adotado a medida.
Alexandre Naíme, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), orienta que pessoas mais vulneráveis à doença mantenham o hábito, e alerta que mesmo em ambientes abertos, a aglomeração deve ditar a rotina de cuidados.
"Em pacientes de alto risco, de idade superior a 60 anos, com imunossupressão, comorbidades, em um momento onde ainda existe transmissão, eu recomendo", diz.
"Além disso, no cenário atual, ainda é importante o uso de máscara em ambientes com aglomeração, ou em estabelecimentos de saúde, estabelecimentos públicos com muitas pessoas. Nesses locais onde é impossível fugir das aglomerações, é importante a manutenção ds máscaras. E isso vai se tornar um hábito", afirma.
As medidas de flexibilização acontecem em meio a uma retração dos números, que segundo o especialista, acontece pela combinação da imunidade proposta pela vacina e também pela onda de infecções recente causada pela variante Ômicron.
"Em uma escala de menos protegido para mais protegido, temos: a pessoa que não se vaciou e só teve covid-19, e a imunidade natural tem um grau menor de proteção; quem se vacinou e não teve covid-19, com duas vezes mais proteção do que uma pessoa que só teve covid-19; e a imunidade hibrida, de quem teve covid-19 e foi vacinado, é a imunidade que mais tem níveis de proteção e anticorpos", explica.
"Nós vivemos essa situação no Brasil, e é por isso que a taxa de transmissão está caindo. Você não vê medidas de prevenção não-farmacológicas efetivas, e se não houver uma nova variante, o número de casos, internações e óbitos vai cair gradualmente."
O médico chama atenção que o novo decreto desobriga o uso, e não diz que as pessoas devem "necessariamente não usar".
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O virologista da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Flávio Fonseca, vê como "naturais" as ações de flexibilização comandadas pelo poder público.
"É um movimento natural a flexibilização das ações de proteção ou pelo menos, da paramentação de proteção, à medida que os números da pandemia vem caindo no Brasil. Isso aconteceu no exterior também, o número de internações e casos graves foram caindo, a taxa e transmissão vai caindo, é natural, e até desejável, que a gente flexibilize e tente voltar uma pseudo-normalidade à medida que a condição epidemiológica permite", aponta.
Ele, no entanto, afirma que uma estratégia de liberação gradual, como a adotada em São Paulo, é mais adequada que a do Rio de Janeiro, que já liberou o uso em ambientes abertos e fechados.
"Acho que precisamos fazer cada etapa de uma vez. Acho natural que a gente evolua nesse sentido, mas não podemos queimar etapas, estamos tão próximos do pseudo-normal. Queimar etapas pode ser um 'tiro pela culatra'. É ideal fazer um teste. Se continuar caindo, estendemos para os ambientes fechados e controlados e assim por diante", opina.
"O que todo mundo quer é tirar a máscara, mas a obrigatoriedade deve cair à medida que os números permitem. Já estamos há dois anos e meio assim. Esperar um mês, por precaução, acho que não faz mal."
Nesse cenário, Fonseca afirma alguns cuidados devem perder espaço, como o uso de álcool em gel e a higienização de compras, cedendo lugar a novos costumes.
"As questões de cuidado respiratório vão seguir. De repente, daqui a dois meses, se uma pessoa que ficar resfriada, ela vai ter cuidado de usar máscara mesmo que não seja covid-19. Uma nova consciência de etiqueta respiratória vai se tornar mais permanente."
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