Uma nova variante do coronavírus começa a causar preocupação. Trata-se da Deltacron, como o próprio nome sugere, ela é uma combinação das variantes Delta e Ômicron. Especialistas afirmam que recombinações são algo comum entre os vírus.
Quando a Ômicron começou a se espalhar pelo mundo, a Delta era prevalente em muitos lugares. Se um indivíduo for infectado simultaneamente pelas duas cepas, pode haver a recombinação.
Embora a ideia de uma recombinação entre essas duas cepas especificamente pareça preocupante, na prática, a Deltacron (recombinante AY.4/BA.1.) não parece representar um grande risco para o rumo atual da pandemia. De acordo com o geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, em Curitiba, a maior preocupação era que essa recombinação misturasse as mutações resposnáveis pela agressividade da Delta e o escape das vacinas da Ômicron.
Desde janeiro, quando a Deltacron foi identificada pela primeira vez, foram registrados cerca de 30 casos no mundo.
"Ela é bem pouco prevalente. Isso sugere que ela não seja muito transmissível. Se fosse uma variante com a transmissibilidade da Ômicron, a Deltacron já seria mais prevalente", diz Raskin.
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O fato de terem poucos casos identificados no mundo também significa que ainda há pouca informação sobre a nova variante. Mas, em geral, se acredita que ela seja mais parecida com a Ômicron do que com a Delta em termos de sintomas, transmissibilidade, gravidade e evasão à proteção das vacinas.
"Ainda não sabemos seus sintomas, gravidade ou transmissibilidade porque o número de casos é muito pequeno. Mas ela parece ter as mesmas características da Ômicron", explica Raskin.
Em coletiva de imprensa realizada na semana passada, Maria Van Kerkhove, líder técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Covid-19 disse que ainda não foram observadas mudanças na epidemiologia nem na gravidade da doença como resultado dessa variante. Mas ressaltou que os estudos ainda estão em andamento.
A maior parte do genoma da Deltacron é proveniente da variante Delta, exceto pelo gene que codifica a proteína de superfície do vírus, o famoso spike, que vem quase integralmente da Ômicron. Essa é considerada a parte mais importante do vírus, pois é utilizada para invadir as células humanas. Além disso, ela é o principal alvo das vacinas atuais e dos anticorpos produzidos por infecções anteriores.
Portanto, se acredita que as defesas adquiridas contra a Ômicron também sejam eficazes contra a recombinante. Partindo desse mesmo raciocínio, pesquisadores acreditam que as vacinas atuais sejam eficazes contra ela, fornecendo uma proteção semelhante à observada para a Ômicron.