Natália Deodato, do BBB, tem vitiligo
Reprodução/TV Globo
Natália Deodato, do BBB, tem vitiligo

Nos últimos dois meses, as buscas pelo termo 'vitiligo' no Google cresceram vertiginosamente. A pesquisa não é por acaso, e coincide com o anúncio de Natália Deodato como participante do Big Brother Brasil.

Desde então, a mineira de 22 anos revelou como a doença se manifestou, e se colocou como uma importante voz no debate sobre a aceitação e amor-próprio.

"O vitiligo é uma patologia pigmentar da pele caracterizada por máculas e manchas brancas, com redução ou ausência do pigmento melânico, ou seja, despigmentadas. Normalmente, elas são distribuídas por todo o corpo de modo simétrico e bem delimitadas. As formas, localizações, quantidade e tamanho das lesões são variáveis", explica a dermatologista Patrícia Vieira Maluly, que atua na pública de saúde na cidade de São Paulo.

A especialista elencou os mitos e verdades acerca da doença. Confira:

O vitiligo é contagioso?

Mito. O vitiligo não é doença infectocontagiosa, sua causa tem muitos aspectos desconhecidos, mas existem três teorias capazes de explicar a sua ocorrência: a autoimune, a citotóxica e a teoria neural. No caso da autoimune, o vitiligo consiste na formação de anticorpos que atacam e destroem o melanócito ou inibem a produção de melanina. Ela associa a patologia a outras doenças autoimunes, como diabetes e doenças da tireoide.

Já na teoria citotóxica, a despigmentação da pele é provocada por substâncias como a hidroquinona, presente em materiais como borracha e certos tecidos. A neural, por sua vez, incide geralmente sobre a região de uma mancha ou pinta, e é provocada por substâncias que destroem as células que produzem a melanina.

Existe predisposição genética para o vitiligo?

Verdade. Cerca de 30 a 40% das pessoas com vitiligo possuem histórico familiar. A herança genética é poligênica -- determinada por múltiplos genes -- e/ou autossômica dominante, quando apenas um alelo normal do gene é necessário para expressar um traço dominante, algo comumente relatado em gêmeos univitelinos.

O vitiligo é causado por fatores emocionais?

Mito. Fatores emocionais negativos são determinantes e predisponentes de muitas patologias, entretanto, não são o primeiro fator a ser avaliado em pacientes com vitiligo. Mas é sim uma questão considerada por especialistas durante o acompanhamento destes pacientes.

Crises de estresse podem piorar as manchas brancas?

Verdade. O fenômeno pode ser explicado pela teoria neurogênica, que desencadeia as lesões de vitiligo por meio de estímulos nervosos e mediador neuroquímico, com a destruição de melanócitos ou inibição da produção de melanina.

O vitiligo não pode ser evitado?

Mito. A prevenção às lesões de vitiligo pode ser realizada por meio do esclarecimento sobre a patologia, tratamentos de comorbidades e desequilíbrios clínicos, além da exclusão de fatores externos ambientais desencadeantes de novas lesões, como excesso de sol e traumatismos da pele.


Pessoas com vitiligo têm predisposição ao câncer de pele?

Verdade. A melanogênese é um mecanismo fisiológico protetor da pele. Em patologias como o vitiligo, ela deixa o tecido exposto e sensível aos agentes externos carcinogênicos.

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Não existe cura para o vitiligo. Só é possível deixar a pele ainda mais branca?

Mito. Com a evolução das diversas formas de manifestação do vitiligo, pode ocorrer cura de forma espontânea, ou como resultado de terapias bem conduzidas que proporcionam a repigmentação com a melanogênese efetiva. Entretanto, alguns pacientes resistentes ao tratamento, com muitas manchas brancas no corpo, optam por tratamentos despigmentantes de forma global.

O vitiligo pode surgir em qualquer idade?

Verdade. Essa epidemiologia não tem preferência por faixa etária, sexo ou raça. Estima-se que ele acomete 1% da população mundial. Cerca de 25% dos casos surgem em pessoas menores de 10 anos, 50% em menores de 20 anos e 95% em pessoas com menos de 40 anos.

Não existe tratamento para o vitiligo?

Mito. Existem diferentes formas de tratamento para cada tipo de manifestação clínica. No caso do vitiligo, o tratamento pode ser tópico, sistêmico com fotoquimioterapia ou fototerapia apenas e até cirúrgico. As várias modalidades terapêuticas são capazes de melhorar ou, ao menos, amenizar a doença.

Muito utilizada para combater diversas doenças da pele, a fototerapia é um tratamento baseado na interação da irradiação eletromagnética de luzes artificiais que podem estimular ou inibir a atividade celular inflamatória. Ela pode ser utilizada como monoterapia ou associada a algumas drogas, com objetivo de diminuir o tempo de tratamento e as doses de medicações.

“A fototerapia pode ser associada ao uso dos tratamentos sistêmicos sob supervisão médica. É sempre importante lembrar dos cuidados diários da pele, para mantê-la limpa, hidratada e fotoprotegida.”

De modo geral, pessoas com vitiligo devem ter mais cuidados com a saúde?

Verdade. A pele é o maior órgão do corpo humano e, nestas pessoas, considerada mais desprotegida, sensibilizada e vulnerável a agentes extrínsecos e intrínsecos relacionados à fisiopatologia do vitiligo.

Além da pele, o vitiligo pode atingir os pelos?

Verdade. Os pelos nas regiões afetadas pela patologia também podem sofrer despigmentações, como cabelo, barba, sobrancelhas e até cílios.

Procedimentos estéticos, como micropigmentação, e tatuagens, são proibidos para quem tem vitiligo?

Mito. As micropigmentações são, inclusive, utilizadas para repigmentar definitivamente áreas de vitiligo resistentes ao tratamento. No entanto, antes de os especialistas optarem pela camuflagem das manchas, todos os processos terapêuticos devem ser realizados para estimular a melanogênese. “É importante que os pacientes estejam cientes do risco de um fenômeno chamado ‘Koëbner’, capaz de desencadear o surgimento de novas lesões após a prática de tatuar ou camuflar com a micropigmentação.”

Medicamentos específicos podem deixar a tonalidade da pele numa cor uniforme?

Verdade. O vitiligo é uma condição de difícil tratamento, mas os resultados podem ser melhores no início do processo e em crianças, que, quando recebem um tratamento precoce, têm maior chance de repigmentar a pele e involuir a doença. No entanto, o pelo sofre um estresse oxidativo de difícil tratamento. O que pode acontecer é que com o crescimento e desenvolvimento da criança os pelos brancos caiam e novos pelos venham nascer, de acordo com o seu ciclo fisiológico.

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