Subvariante Deltacron surgiu na França, em fevereiro
Pixabay - 15.03.22
Subvariante Deltacron surgiu na França, em fevereiro

Nesta terça-feira (15), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou os primeiros dois casos confirmados da Deltacron, subvariante da covid-19, no Brasil.

Segundo a pasta, trata-se de uma mutação que surgiu a partir de características das variantes Delta e Ômicron. A cepa surgiu na França, em fevereiro, e ainda tem poucos casos ao redor do mundo.

Para a epidemiologista do Grupo Pardini Melissa Valentini, o número pequeno de casos impede que uma análise mais detalhada possa ser feita em laboratório.

"Ainda são poucos casos para que a gente possa chegar a alguma conclusão sobre o impacto dessa variante", disse. "Até o momento, ela não deu sinais de transmissão mais rápida ou gravidade maior. Ainda é muito cedo para definir isso", completa.

A Deltacron já apareceu no último boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas nem o órgão deu muitas informações sobre suas características principais. O que se sabe, até o momento, é o que ela pode ter absorvido de cada tipo do vírus.

"Uma combinação genética é até um fenômeno esperado quando falamos desse tipo de vírus. Mas não sabemos quais seriam as características dessa nossa subvariante. É como se ela tivesse o corpo da Delta, a espinha dorsal da Delta, e as mutações especificas da Ômicron, formando o que chamamos de recombinação genética", explica a médica, que reforça ainda que a incorporação das propriedades da cepa mais recente pode fazer com que muitas pessoas tenham imunidade contra a nova.

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Melissa afirma que apesar da proteção da vacina ser "temporal", esse efeito é prolongado pela dose de reforço, fazendo com que a população esteja cada vez mais protegida de casos graves da doença

"Temos uma proteção contra a infecção, especialmente contra a Ômicron, baixa, fica em torno de 30%, mas depende do tempo que você está distante da dose da vacina. Recentemente, vimos que a proteção contra os casos graves se manteve até seis, sete meses após completar o esquema vacinal. É importante, além das duas doses, receber a de reforço. O que está sendo visto nos hospitais, nos estudos pelo mundo, é que as pessoas com esquema completo incluindo a 3ª dose tem chance infinitamente menor de desenvolver casos graves de covid-19 do que está sem o reforço", alerta.

Uso de máscaras

A epidemiologista admite que por hora, considerando os números da pandemia no Brasil, uma decisão de voltar atrás no uso de máscaras em locais abertos seria precipitada. Ela, no entanto, afirma que em nenhuma cidade o equipamento de segurança deveria ter sido desobrigado dentro de ambientes fechados.

"O uso de máscaras em ambiente externo com o percentual de casos que temos hoje é possível, mas em ambientes abertos, ventilados, sem aglomeração. Acho que isso já conseguimos avaliar", disse.

"A questão é nenhum local do Brasil tem índice para permitir isso [liberação de máscaras em locais fechados], independente da subvariante. Se ela vai se tornar importante ou não, a gente não sabe, mas mesmo ela se tornando, a gente já tem um número de casos muito alto para dispensar o uso de máscaras em ambientes fechados. Acho prematuro, independentemente de uma nova variante.

** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.

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