A China determinou o confinamento de uma cidade industrial de 9 milhões de habitantes, após um um novo surto de coronavírus, que se propaga rapidamente pelo país com mais de 4.700 casos registrados nesta terça-feira. A nova onda de contágios, impusionada pela variante Ômicron, virou um teste para a estratégia "Covid zero" do governo. No sábado, o país registrou duas mortes por Covid-19, as primeiras em mais de um ano.
Shenyang, um polo industrial que abriga uma fábrica da BMW, registrou 47 contágios nesta terça-feira. Com o aumento, as autoridades ordenaram que os moradores permaneçam em casa e anunciaram que eles não poderão sair sem um resultado negativo de um teste feito nas 48 horas anteriores.
O confinamento da cidade de Shenyang — capital da província de Liaoning, no limite com Jilin (no Norte), epicentro da atual onda — começou na noite de segunda-feira. A China vem agindo nas últimas semanas para tentar erradicar os focos de infecção com alguns confinamentos direcionados e testes em larga escala.
As autoridades, no entanto, alertaram para o risco econômico provocado pelos confinamentos constantes. O presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na semana passada na necessidade de "minimizar o impacto" da pandemia sobre a economia, mas ao mesmo tempo fez um apelo para que as autoridades prossigam com a a política da "Covid zero".
Xangai, centro financeiro do país, também registrou um quinto recorde diário consecutivo de casos assintomáticos da doença, todos transmitidos localmente. A cidade está avançando com um esquema de testes por regiões, evitando um bloqueio geral. Mais de 30 milhões de testes já foram aplicados.
Xangai registrou 865 infecções assintomáticas transmitidas internamente na segunda-feira, segundo dados oficiais, acima das 734 do dia anterior. Embora pequeno em comparação com o número de infecções em muitos surtos no exterior, o aumento é significativo.
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Já o centro tecnológico de Shenzhen anunciou na segunda-feira a suspensão do confinamento de uma semana, depois de flexibilizar algumas medidas na sexta-feira para minimizar o impacto do vírus sobre a economia.
Em Hong Kong, cientistas de alto nível pediram às autoridades do território chinês que abandonem a estratégia, antes que chegue uma nova onda de casos e o centro financeiro fique "fechado para sempre".
"Os dois últimos meses foram uma experiência muito dolorosa e não podemos nos dar o luxo de esperar", disse à imprensa Gabriel Leung, que dirige uma equipe de cientistas que trabalham sobre o vírus.
Na segunda-feira, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou uma flexibilização das restrições a partir de 1º de abril — principalmente nos voos internacionais e na duração da quarentena na chegada ao território.
Nesta terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que vários países europeus, como Alemanha, França, Itália e Reino Unido, levantaram suas restrições muito "brutalmente" e vivem agora um claro aumento dos casos devido à subvariante BA2. Em coletiva de imprensa em Moldávia, o diretor da OMS para Europa, Hans Kluge, afirmou que a situação epidemiológica do continente deve ser monitorada, mas reiterou que ainda mantém seu "otimismo".
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