Se a palavra liberta, o palavrão fortalece. Pesquisadores da Universidade Keele, no Reino Unido, descobriram que xingar pode aumentar a confiança, a força física e os níveis de comportamento de risco de uma pessoa, tornando-a mais ousada e corajosa.
Liderado por Richard Stephens, o estudo foi publicado no Quarterly Journal of Experimental Psychology e envolveu dois experimentos, um com 56 participantes, sendo 32 mulheres e 24 homens, em sua maioria estudantes de graduação; e outro com 118 pessoas, sendo 63 homens, 53 mulheres, um indivíduo não-binário e um indivíduo que preferiu não revelar seu sexo, com idade média de 25,8 anos.
O objetivo geral da equipe era identificar o mecanismo psicológico pelo qual um linguajar obsceno ou ofensivo pode ser benéfico para a realização de tarefas físicas. Mas, principalmente, saber se xingar aumentava o “estado de desinibição" das pessoas, ou seja, de autocontrole reduzido e falta de contenção.
Durante os experimentos, os pesquisadores descobriram, por exemplo, que os participantes eram capazes de realizar uma flexão de cadeira — levantando-se de um assento usando apenas os braços — por mais tempo depois de repetir um palavrão.
Os participantes também foram mais ousados durante uma tarefa online envolvendo encher um balão de borracha o máximo possível sem estourar. O comportamento de risco foi 8% maior quando eles usavam palavrões enquanto bombeavam a bexiga, em comparação com o uso de diálogo neutro.
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“Xingar parece produzir um estado de 'cognições quentes', que nos ajuda a minimizar os medos e preocupações diárias. Esse comportamento pode ser benéfico em muitos cenários, como quando você está se exercitando ou lidando com uma situação desafiadora”, escreveu Stephens.
Ainda de acordo com o pesquisador, o lado humorístico de alguns palavrões também foi considerado um importante mecanismo psicológico para aumentar a força física durante os experimentos.
"Fornecemos evidências de vários possíveis mecanismos psicológicos pelos quais isso pode acontece, todos relacionados à redução do autocontrole. Mas o humor, o lado engraçado dos palavrões, acabou sendo o mais importante dos fatores que avaliamos”, afirmou Stephens. “Os comediantes sabem há muito tempo a ligação entre o riso e um palavrão bem colocado.”
Os xingamentos também influenciaram várias situações relacionadas a um estado de maior desinibição durante o experimento, incluindo o aumento da autoconfiança. No entanto, os pesquisadores sugerem que é necessária uma investigação mais aprofundada sobre esse efeito.
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