Ministério da Saúde descarta 2º caso suspeito de 'Deltacron' no Brasil
Valter Campanato/Agência Brasil
Ministério da Saúde descarta 2º caso suspeito de 'Deltacron' no Brasil

O Ministério da Saúde descartou o segundo possível diagnóstico de Covid-19 provocado por  Deltacron no Brasil. Segundo relatório obtido pelo GLOBO com exclusividade, a amostra coletada no Pará é formada, em maior parte, por material genético da Delta, com "mutações pontuais".

Segundo um  integrante do ministério ouvido em caráter reservado pelo GLOBO, trata-se de “uma nova subvariante por recombinação gênica”.

O relatório informa que a amostra traz “um vírus com genoma híbrido composto por um perfil de mutações bem distinto das outras variantes recombinantes já identificadas”. 

especialistas explicam que uma subvariante recombinante surge, provavelmente, quando um indivíduo é infectado por duas cepas diferentes ao mesmo tempo e elas se combinam dentro das células, formando uma nova, numa espécie de “sopa de letrinhas”.

"É uma recombinante diferente, que não se encaixa em outras já descritas e que ainda não foi classificada. A XD [classificação oficial da Deltacron] está totalmente descartada", afirma o geneticista Salmo Raskin.

A análise laboratorial dessa amostra, coletada em Afuá (PA) em 11 de janeiro, foi conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). É necessário identificar mais amostras desse tipo para avaliar se haverá impacto na transmissão ou na letalidade.

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"É um recombinante de Ômicron e Delta, que aparentemente não conseguiu se disseminar, pois vírus com perfil de Delta ou Ômicron BA.1 encontram um ambiente pouco favorável à transmissão, já que as pessoas estão imunizadas contra esses vírus", explica o virologista epidemiologista do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), Anderson Brito, membro do Pango Network, grupo de voluntários que ajuda a classificar variantes.

O primeiro caso de variante recombinante identificada no Brasil foi revelado pelo GLOBO em 7 de abril. Trata-se de um caso de Ômicron XE, que recombina as subvariantes BA.1 e BA.2 da cepa. O primeiro infectado foi um homem de 39 anos, morador de São Paulo. O paciente não sofreu complicações e já está recuperado.

O resultado vem quase um mês após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciar que o Brasil havia registrado duas infecções pela nova linhagem, uma recombinação entre a Delta e a Ômicron. Após reportagem do GLOBO mostrar que os procedimentos laboratoriais ainda não haviam sido concluídos, o cardiologista recuou e afirmou que ambos os casos estavam seguiam em análise, a partir do sequenciamento genômico.

A primeira infecção em potencial, detectada em Santana (AP), foi descartada em 18 de março. O diagnóstico foi de coinfecção de Delta e de Ômicron, ou seja, o paciente se contaminou com as duas ao mesmo tempo.

Procurada pelo GLOBO, a Fiocruz informou que a resposta cabe ao Ministério da Saúde. Já a pasta não respondeu até a publicação deste texto.

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