O ex-BBB22 Rodrigo Mussi, de 36 anos, recebeu alta médica e deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na manhã da última quarta-feira (20). O gerente comercial permanecerá internado na enfermaria do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, iniciando uma nova etapa no processo de recuperação que exigirá tratamento com fonoaudiólogo, fisioterapia e exercícios neurológicos.
Rodrigo está internado na unidade hospitalar desde o dia 31 de março após sofrer um acidente de carro na capital paulista. Ele estava no banco traseiro de um transporte de aplicativo, quando o motorista cochilou e bateu o automóvel.
Em conversa com O GLOBO, o Dr. Paulo Tierno, médico intensivista que trabalhou por nove anos na UTI de Trauma do HC, destacou o fato de Rodrigo já ter superado a fase mais crítica, uma vez que o trauma de crânio grave costuma ser fatal para 30% das pessoas que sofrem lesão semelhante.
— Ele saiu da fase crítica e agora vai para a parte da reabilitação, em que vai precisar de uma equipe multiprofissional — aponta Tierno. — Ele vai precisar fazer um segmento com fisioterapia, onde fará uma reabilitação motora. E, em algum momento, vai precisar da terapia ocupacional, que ajuda na readaptação às atividades cotidianas.
Além da fisioterapia motora, em razão da lesão no fêmur, Rodrigo será submetido a exercícios neurológicos, com atividades como soletrar palavras ao contrário. Atualmente, sua dieta é leve e só tomará medicação para dor quando sentir algum desconforto.
Segundo informações dos familiares do ex-BBB, ele também irá contar com a ajuda de fonoaudiólogos em sua recuperação. Tierno explica que pacientes com traumas de crânio costumam sofrer complicações com disfagias (dificuldade para engolir), fazendo com que estes profissionais sejam muito importantes no processo de reabilitação.
Tierno ressalta que, apesar de ter passado a fase mais crítica e dos riscos terem diminuído, existem riscos em toda internação prolongada, o que exige um acompanhamento próximo de toda equipe médica responsável pelo programa de reabilitação, geralmente coordenada por um médico fisiatra.
Com relação a possíveis sequelas, o médico informa que, do ponto de vista neurológico, o pior momento de uma pessoa que sofreu um trauma de crânio é aquele em que chega no hospital. E que existe o risco, nos primeiros dias, de um aumento da pressão intracraniana, o que não ocorreu no caso de Rodrigo. Ainda assim, não é possível descartar sequelas neste momento inicial de tratamento.
— Talvez ele fique com uma sequela, mas não existe como prognosticar neste momento. Em traumas de crânio, temos que esperar pelo menos seis meses para ter a real profundidade se haverá ou não uma sequela. Antes desse período, é precoce falar qualquer coisa. Não existe exame, é só o tempo, é ter paciência.
Ao ser resgatado, Rodrigo precisou ser reanimado pelos socorristas em razão de uma parada cardiorrespiratória. Tierno aponta que a parada em si não constitui mais um risco ao ex-brother, que foi algo resolvido na cena, provavelmente em decorrência de obstrução em via aérea ou algo pontual. Ele lembra, no entanto, que o risco em uma parada cardiorrespiratória é uma lesão neuronal em decorrência da falta de oxigenação, mas que isso, como as demais sequelas neurológicas, só poderá ser verificada em no mínimo seis meses.
Em entrevista ao programa “Encontro”, Diogo Mussi, irmão de Rodrigo, relatou que o exBBB vem alternando entre momentos de maior consciência e outros de maior confusão. Tierno destaca que isso é “extremamente comum” de ser observado em pacientes que ficaram sedados e entubados por tempo considerável, e que a tendência é melhorar de forma progressiva.
A recuperação de Rodrigo Mussi
Nestes 19 dias, Rodrigo permaneceu intubado na UTI. Fez hemodiálise, passou por uma cirurgia no cérebro e teve o tempo todo um quadro considerado muito grave. No último domingo (17), ele foi extubado, começou a falar algumas palavras e já ficou em pé. Abaixo, veja a evolução do estado de saúde dele dia a dia, de acordo com os boletins médicos divulgados pela família.
1º de abril
Rodrigo foi internado no Hospital das Clínicas de São Paulo. Durante o socorro, teve uma parada cardiorespiratória e precisou ser reanimado pelos socorristas. O ex-BBB teve traumatismo craniano e ferimentos na perna após ter sido arremessado contra o vidro do carro. Precisou receber massagem cardíaca e seu nível de consciência era abaixo do verificado em uma pessoa normal. "A resposta dele verbal era apenas sons e gemidos, a ocular não era reagente e a física também não tinha nenhuma resposta", contou um dos socorristas. Após o acidente, Rodrigo Mussi também teve parte da função renal debilitada
Como houve sangramento dentro do crânio, a equipe médica precisou realizar uma cirurgia na cabeça para instalar um monitor (ou um cateter) e mensurar constantemente a pressão intracraniana. O procedimento ajuda os profissionais a avaliarem as condições e os riscos do cérebro.
A lesão na perna deixou o osso exposto. A equipe médica precisou fazer uso de um fixador externo (ou "gaiola médica", como o instrumento também é chamado) para estabilizar o membro e facilitar a portabilidade de Rodrigo na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
2 de abril
Rodrigo Mussi reagiu bem às cirurgias e seguiu intubado, respirando com a ajuda de aparelhos, na Unidade de Terapia Intensiva do hospital. Seu quadro era considerado grave, mas estável.
3 de abril
O boletim médico informou que ele progrediu bem, com melhora da função renal e movimentação de braços e pernas, mesmo intubado.
4 de abril
Continuava intubado, em estado grave, mas reagindo e já passando por diminuição da sedação. Neste dia, ele apertou o dedo de um dos irmãos.
5 de abril
Teve o monitor de cabeça retirado. Continuava sedado, mas no processo de diminuição dos remédios que o mantinham inconsciente. Respondeu a comandos balançando a cabeça e abriu um dos olhos por um tempo.
6 de abril
Continuava agitado. Mais uma vez, abriu os olhos e apertou a mão do irmão Rafael.
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7 de abril
Realizou cirurgia para retirar a "gaiola médica" usada para fixar o osso da perna.
8 de abril
Abriu os dois olhos e apresentou sinais mais evidentes de consciência. O pulmão apresentou mais "força, começando a conseguir fazer seu trabalho sozinho". Fez uma ressonância magnética na coluna vertebral, para avaliar necessidade de uma nova cirurgia antes da extubação. "Pela manhã, foi feita a ressonância e a equipe da neuro vai avaliar para saber como proceder. Tudo indica que não pegou medula. O Rod segue estável, dobrando e esticando as pernas e braços, conforme vai despertando", escreveu Diogo Mussi em suas redes sociais.
9 de abril
O quadro era considerado estável, seguindo o processo de extubação, que demorou alguns dias em função da gravidade do quadro ele. Seguia agitado e respondendo a comandos.
10 de abril
Estado estável, grave, em processo de extubação (ou retirada de tubo endotraqueal). Nesse momento, é retirado o tubo que controla a respiração e, por conseguinte, a pressão arterial. O procedimento não é bem-sucedido. Devido a um edema na glote, Rodrigo Mussi tem falência respiratória. O ex-BBB precisa ser intubado novamente.
11 de abril
Apresentou "boas reações neurológicas", como relatou seu irmão Diogo Mussi. Segundo ele postou em seu perfil na rede social, os médicos consideram a recuperação dele um milagre. O comportamento, marcado por espasmos e movimentos involuntários em braços e pernas, é natural, como frisam os médicos. À medida que as doses de sedativos são diminuídas e instrumentos invasivos são retirados, o organismo passa a responder de forma mecânica, como se quisesse eliminar toda a presença estranha.
12 de abril
Dia mais lúcido de Rodrigo, contou o irmão Diogo Mussi em seu perfil na rede social depois de visitá-lo. Segundo boletim, apresentou expressões faciais, gestos, com olhos bem abertos e tentativa de dizer algo. Cirurgia na coluna foi descartada e o ex-BBB manteve o uso do colar cervical. "A cirurgia não tem nada de medular. Se ela for necessária, acontecerá no futuro e servirá para reforçar a coluna", acrescentou.
13 de abril
Médicos realizam a principal etapa do processo de extubação, com sucesso. Rodrigo Mussi deixa de respirar com a ajuda de aparelhos. Continua evoluindo, mais calmo, abrindo os olhos e entendendo bem o que acontecia em volta, o que demonstra melhora no nível de lucidez.
14 de abril
Apresentou melhora, seguindo o processo de extubação.
15 de abril
Foi um dia agitado, com o ex-BBB oscilando entre momentos de realidade e confusão, o que foi considerado normal pelos médicos.
16 de abril
Apresentou melhoras e iniciou "alguns exercícios com fisioterapia", dobrando e esticando braços e pernas. "Hoje, o Rodrigo está mais calmo e mais ativo. No quarto, já iniciou alguns exercícios com fisioterapeuta, dobrando e esticando as pernas, braços e etc.", diz a postagem de Diego.
17 de abril
Segundo o irmão Diogo Mussi, ele "está sem tubo e falando, com certa dificuldade. Já consegue ficar em pé e dar alguns passos, com a ajuda de enfermeiros". 18 de abril Rodrigo estava mais agitado, tentou sair da UTI e teve a sedação aumentada. Passou por exames no pulmão por conta de tosse e catarro acumulado.
19 de abril
O ex-BBB teve um dia mais calmo e se tornou mais concreta a possibilidade de sair da UTI.
20 de abril
Rodrigo tem alta da UTI e segue para a enfermaria, onde continuará o trabalho de reabilitação, com fisioterapia e exercícios neurológicos.
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