Cientistas desenvolvem óculos que transmitem imagens diretamente para o cérebro
Reprodução: pixabay - 09/05/2022
Cientistas desenvolvem óculos que transmitem imagens diretamente para o cérebro

Um par de óculos que são capazes de transmitir imagens para o cérebro e, assim, possibilitar que pessoas cegas ou com deficiência visual consigam enxergar está sendo desenvolvido na Holanda.

A neuroprótese é fruto do Projeto Nestor, um consórcio formado por cientistas de vários institutos de pesquisa, como o Instituto Holandês de Neurociência, a Universidade de Twente, a Universidade Radboud, a Universidade de Maastricht e a Universidade de Tecnologia de Eindhoven.

Os óculos possuem uma câmera acoplada na sua parte frontal, que tira fotos. As imagens captadas pela câmera são processadas em um minicomputador, localizado na parte de trás do pescoço. Os dados são, posteriormente, transmitidos sem fio para um chip cerebral, usando uma combinação de ondas de rádio semelhantes às utilizadas na tecnologia Wi-Fi e Bluetooth.

O chip que é implantado no cérebro possui um total de 1.024 eletrodos que enviam sinais elétricos para diferentes partes do córtex visual, criando uma imagem.

O processo é semelhante aos sinais naturais que os olhos enviam para essa parte do cérebro que fazia parte do nosso sentido da visão. Essa região cerebral normalmente traduz as mensagens recebidas pelo olho em imagens, mas os pesquisadores acreditam que é possível replicar isso usando minúsculos eletrodos para estimular as células cerebrais.

Os pesquisadores ainda não testaram seu implante em humanos, mas testes de laboratório e experimentos em macacos têm sido promissores.

Os desenvolvedores esperam que seu modelo sem fio supere algumas das deficiências dos implantes anteriores, como o risco de infecções no cérebro que poderiam ocorrer caso fosse preciso utilizar fios para fazer a conexão.

Em muitas pessoas, a cegueira é provocada por danos em nervos que ligam os olhos a parte cerebral responsável pela visão. Esta nova tecnologia "ignora" o olho humano e age diretamente no cérebro. Os novos óculos têm a capacidade de atacar a "raiz" da causa da cegueira para a maioria das pessoas que vivem com a deficiência.

O chip cerebral funciona com uma corrente elétrica 1 miliwatt, energia milhares de vezes menor do que a usada até mesmo em uma lâmpada com eficiência energética.

O consumo de energia é um obstáculo crítico a ser superado, disse Adedayo Omisakin, pesquisador que faz parte do Projeto Nestor. Tentativas anteriores de instalar chips semelhantes dentro do cérebro de pessoas cegas levaram os pacientes a ter ataques epiléticos à medida que a eletricidade percorria seus crânios.

Nos testes já realizados, os cientistas observaram que os macacos foram capazes de reconhecer "caracteres, objetos em movimento e linhas" ao usarem os óculos desenvolvidos pela equipe. Omisakin afirmou que, após alguns ajustes, o equipamento estaria preparado para ser testado em humanos.

O número de eletrodos precisa aumentar para que as pessoas cegas consigam ver imagens com uma "qualidade utilizável", disse. A expectativa é que em dez anos a tecnologia esteja pronta para uso em massa por pessoas com deficiência visual.

Avanços da ciência

Houve muitos avanços em gadgets de para pessoas cegas nos últimos anos, no entanto, nenhum está amplamente disponível ainda. Os implantes cerebrais já foram testados nos EUA pela empresa Second Sight em 2019.

As imagens resultantes foram descritas como "filmagens de segurança granuladas" no estilo dos anos 80 e só podiam ser usadas algumas horas por dia. Mas os participantes disseram ser capazes de ver alguma semelhança de seus entes queridos em tempo real, o que foi classificado por eles como "inspirador".

Os pacientes precisaram de seis meses para se adaptarem aos implantes e estarem prontos para receber os sinais da câmera.

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