Dia mundial sem tabaco: 70% dos que usam 'vape' tem entre 15 e 24 anos
Reprodução: Pixabay - 2/05/2022
Dia mundial sem tabaco: 70% dos que usam 'vape' tem entre 15 e 24 anos

Neste dia 31 de maio é celebrado o Dia mundial sem tabaco. Para alertar sobre os perigos do tabagismo e do uso dos famosos  cigarros eletrônicos, o iG reuniu dados sobre a dependência e sobre o perigo do uso prolongado dos chamados ‘vapes’.

Segundo números oficiais, já existem mais de 1 bilhão de fumantes ao redor do mundo, e os problemas decorrentes do fumo são inúmeros, conforme avaliam cardiologistas. Os homens fumantes, por exemplo, abreviam a expectativa de vida em cerca de 10 anos, enquanto as mulheres, em cerca de 14 anos, de acordo com estimativas da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, com base em estudos nacionais e internacionais.

A médica especialista Jaqueline Scholz, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, lembra que a doença cardiovascular é a que mais mata fumantes, tanto do cigarro comum, quanto do eletrônico. “A nicotina libera adrenalina, acelera o coração e aumenta o consumo de oxigênio e a pressão arterial. Ela produz danos nas paredes das artérias, favorecendo a aterosclerose, circunstâncias que podem levar ao infarto e à morte súbita”, explica.

E completa: “Apenas um único cigarro, convencional ou eletrônico, já é suficiente para causar constrição da artéria. A nicotina é tão nociva que causa endurecimento de artérias, exigindo do músculo cardíaco mais esforço para trabalhar”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta. Em média, ambos os gêneros fumam por 30 anos, mas começam sempre muito cedo, em 90% dos casos já na adolescência. Além disso, cerca de 70% dos usuários de cigarro eletrônico têm, atualmente, entre 15 e 24 anos.

No Brasil, a produção, importação, publicidade e comercialização de cigarros eletrônicos é proibida. Porém, mesmo com as restrições, os dispositivos são  facilmente comprados pela internet e até quiosques, principalmente entre os mais jovens.

Jaqueline Scholz destaca que alguns modelos, inclusive, funcionam com o ‘sal de nicotina (pods)’, que produz dependência mais rápida que o cigarro convencional. Uma vez inalada, ela estimula a liberação de neurotransmissores como a dopamina, responsável pela sensação de prazer e relaxamento.

“A ideia de os eletrônicos são ‘cigarros evoluídos’ só projeta uma cortina de fumaça sobre a verdade: apesar de não expor o usuário ao monóxido de carbono, uma vez que não ocorre combustão, o vape traz a dependência de nicotina (...) portanto, é ‘fake news’ que o eletrônico não faz mal à saúde”, afirma Jaqueline Scholz.

Uma coisa leva à outra

De acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o cigarro eletrônico aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Além disso, o levantamento reforça ainda que o cigarro eletrônico eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.

"Há cerca de 30 anos, o cigarro convencional era visto como sinônimo de status e isso não tem sido diferente para o cigarro eletrônico, principalmente entre os mais jovens. Apesar de na última década o Brasil ter diminuído 40% o número de fumantes, não devemos fechar os olhos para um problema que, mesmo tendo um outro formato, faz parte do mundo atual", afirma Mariana Laloni, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.

Ainda segundo o Inca, o tabagismo continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. De acordo com os números, 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse deixado de lado.

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