Vacinação infantil contra a Covid-19
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Vacinação infantil contra a Covid-19

Técnicos do Ministério da Saúde avaliam estender a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos, a exemplo do que já ocorre em outros países, como os Estados Unidos. Eles também estão debatendo a possibilidade de recomendar uma quarta dose para as populações quilombola e ribeirinha, que constituírem uma parcela da população mais vulnerável ao coronavírus, com menos acesso a tratamentos e unidades de saúde de qualidade.

Ainda não está definido se, para esses dois grupos e crianças, valerá o intervalo de quatro meses entre a aplicação dos reforços e a etapa anterior da imunização. A agência regulatória norte-americana sugere para o público infantil, por exemplo, um hiato de cinco meses após a segunda dose. Também não se estabeleceu qual vacina será recomendada.

A discussão sobre novas etapas da imunização começou na Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI Covid-19), colegiado que acabou sendo extinto pela pasta, devido ao fim do estado de emergência. Agora, os debates se encaminham para a CTAI do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Ainda não há data para deliberação. Depois do aval dos técnicos, os temas devem seguir para o alto escalão da pasta, a quem cabe bater o martelo, de fato.

O ministério já liberou o reforço para a população a partir de 12 anos e para imunossuprimidos (pessoas que já apresentam sistemas imunológicos mais vulneráveis, como portadores de HIV e pacientes de câncer). Estes também recebem a quarta dose, assim como a população a partir de 50 anos e os profissionais de saúde.

Estados, municípios e Distrito Federal têm autonomia para definir os próprios calendários de vacinação. Nenhum deles, no entanto, deu aval à terceira dose para crianças e à quarta para quilombolas e ribeirinhos até o momento.

Como O GLOBO mostrou, as taxas de cobertura da vacinação contra a Covid-19 estacionaram no Brasil, num patamar considerado muito aquém do necessário para barrar o avanço do coronavírus na faixa etária. Diante do avanço da vacinação, estados têm deixado de divulgar números relativos à aplicação de vacinas nos finais de semana e feriados, tornando-os imprecisos. O consórcio de imprensa do qual O GLOBO faz parte divulgará um novo balanço, com dados atualizados, na noite desta segunda-feira.

Entre os principais motivos para a baixa cobertura, médicos, especialistas e gestores de postos de saúde apontam para a desinformação, a baixa percepção de risco para a Covid-19 e a insegurança de pais e de responsáveis, além do medo de reações adversas. Da primeira à segunda dose, também pode haver a chamada “janela da Covid”, em que as crianças se infectam próximo à data em que deveriam completar o ciclo de imunização. Assim, a orientação do ministério é esperar 30 dias após o diagnóstico para receber o imunizante.

O Brasil oferece duas vacinas diferentes para o público mirim. Crianças de 5 a 11 anos podem receber a versão pediátrica da Pfizer, com intervalo de oito semanas. A partir de 6 anos, também há CoronaVac — sem diferença para versão adulta — como opção, desde que não sejam imunossuprimidas, com prazo de 28 dias entre as doses. Mesmo com a baixa cobertura, pode ser necessário assinar ou remanejar contratos para atender o reforço a esse grupo, uma vez que AstraZeneca e Janssen não podem ser aplicadas em pessoas menores de idade.

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