Micrografia eletrônica de transmissão colorida de partículas do vírus Marburg (azul)
Foto: NIAD- 18.07.2022
Micrografia eletrônica de transmissão colorida de partículas do vírus Marburg (azul)

Neste domingo, Gana anunciou os dois primeiros casos, e óbitos, pelo vírus Marburg no país. Os diagnósticos foram confirmados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) depois que análises preliminares do início do mês já haviam indicado se tratar do patógeno. Os pacientes são dois homens, um de 26 anos e outro com 51, que morreram no final de junho.

O vírus é da família Filoviridae, a mesma do Ebola, e, embora raro, tem também uma alta taxa de letalidade, que chega a 88% dos casos segundo dados dos últimos surtos. Mais de 90 contatos próximos dos contaminados em Gana, incluindo profissionais da saúde que entraram em contato com os pacientes, foram identificados e estão sendo monitorados, informou a OMS. A organização enviou ainda especialistas à região para auxiliar o país na resposta à doença.

“As autoridades de saúde responderam rapidamente, começando a preparar-se para um possível surto. Isso é bom porque, sem ação imediata e decisiva, o Marburg pode facilmente sair do controle. A OMS está no terreno para apoiar as autoridades de saúde e, agora que o surto foi declarado, estamos mobilizando mais recursos para a resposta”, disse o diretor regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti.

Segundo a OMS, o Marburg é raro. Essa é a segunda vez que o vírus é encontrado na África Ocidental. No último ano, a Guiné detectou um caso da doença, o primeiro na região, mas com todos os contatos próximos identificados e isolados o surto foi declarado como encerrado cinco semanas após o início.

Outros eventos esporádicos já foram registrados nos últimos anos em países como Quênia, África do Sul e Uganda, mas com poucos casos e de forma controlada. Os maiores avanços foram na República Democrática do Congo, de 1998 a 2000, e em Angola, de 2004 a 2005, quando foram contabilizados respectivamente 128 e 228 mortos.

Quais os sintomas do Marburg?

De acordo com a OMS, a doença se manifesta de forma abrupta com temperaturas elevadas, dores fortes de cabeça e intenso mal-estar. Além desses, a organização disse que os pacientes que morreram em Gana tiveram diarreia, náuseas e vômitos.

Geralmente, em menos de sete dias os sinais evoluem para uma febre hemorrágica, uma forma de complicação grave que envolve sangramentos e piora dos sintomas. Por isso, o vírus é considerado altamente letal, provocando o óbito de 24% a 88% dos casos, de acordo com a autoridade de saúde.

Nos casos em Gana, o primeiro paciente, de 26 anos, deu entrada no hospital em 26 de junho e morreu no dia seguinte. Já o de 51 anos chegou à mesma unidade hospitalar em 28 de junho, mas no mesmo dia não resistiu. Segundo a OMS, os dois contaminados não se conheciam.

Como o Marburg é transmitido?

O Marburg é uma zoonose, ou seja, uma doença disseminada normalmente entre animais que passou a contaminar humanos – como foi o caso com a Covid-19 e a varíola dos macacos. De acordo com a OMS, o vírus é transmitido às pessoas geralmente por morcegos frugívoros, mas se espalha entre humanos pelo contato direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados.

Há tratamento para o Marburg?

Ainda não há antivirais destinados ao Marburg ou vacinas capazes de prevenir a doença. O tratamento é direcionado aos sintomas, como pelo uso de antitérmicos para a febre, além de medidas de reidratação oral e por meio de fluidos intravenosos. Segundo a OMS, o cuidado aumenta as chances de sobrevivência do paciente.

A organização afirma ainda que há uma série de medicamentos, imunoterápicos e vacinas em desenvolvimento, mas atualmente estão na primeira fase dos testes clínicos.

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