Profissional de saúde com vacina na mão
Reprodução/Ansa - 18.07.2022
Profissional de saúde com vacina na mão

Com o avanço da varíola dos macacos no mundo, e no Brasil, o Instituto Butantan, em São Paulo, criou um comitê para monitorar os casos da doença no estado e avaliar a produção de uma vacina contra a doença. Nos anos 70, o instituto desenvolveu uma versão do imunizante para a varíola humana, doença que foi erradicada na década seguinte. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a mesma vacina tem até 85% de eficácia contra a versão que circula agora, causada pelo vírus monkeypox.

A criação do comitê foi publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo no último dia 30. Foram nomeados nove especialistas do Instituto, e também da Fundação Butantan. De acordo com a portaria, a medida foi tomada considerando “que desde a cessação da vacinação contra a varíola, se nota uma crescente incidência de casos e surtos relatados” e também a “iminência de um possível surto da referida doença provocada pelo vírus monkeypox”.

Segundo o Ministério da Saúde, desde que o primeiro caso da varíola dos macacos foi identificado no país – em um paciente no estado paulista no dia 8 de junho –, até esta terça-feira, já são 449 diagnósticos da doença no Brasil.

São Paulo é a região com o maior número de registros, 312, seguido pelo Rio de Janeiro, com 71; Minas Gerais, com 33; Distrito Federal, com 8; Paraná, com 6; Goiás, com 4; Bahia e Rio Grande do Sul, com 3 cada; Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Ceará, com 2 cada, e Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Santa Catarina, com um cada.

Há ainda mais 75 suspeitas sendo monitoradas nos estados com casos confirmados, além de na Paraíba e no Acre. Desde que o ministério tornou a notificação de possíveis diagnósticos de varíola dos macacos obrigatória, já foram 769 relatos, 244 descartados.

De acordo com a plataforma de dados da Universidade John Hopkins, Our World in Data, já são mais de 14 mil pessoas contaminadas em pelo menos 63 países. No último relatório da OMS, foram registradas ainda três mortes pela doença.

A organização desaconselha no momento uma campanha de imunização em massa, mas considera os benefícios para determinados grupos. Países como Estados Unidos, Reino Unido, França começaram a imunizar públicos considerados de maior risco, como profissionais da saúde, pessoas que tiveram contato com contaminadas e homens gays, bissexuais e que fazem sexo com outros homens -- que representam a maior parte dos diagnósticos. No entanto, as autoridades de saúde reforçam que qualquer um pode ser infectado e alertam para a cuidado com a propagação de estigmas.

A doença é uma versão semelhante à varíola erradicada em 1980, embora mais rara, mais leve e com a transmissão entre pessoas mais difícil de acontecer, segundo a OMS. Existem duas variantes conhecidas do vírus monkeypox, associadas à África Ocidental (West clade) e à África Central na região do Congo (Congo clade). A primeira, causa do surto atual, é mais leve, com taxa de mortalidade de cerca de 1%. Ainda assim, foram registradas menos de dez mortes até agora entre os mais de nove mil casos identificados.

A transmissão acontece principalmente por contato com as lesões causadas na pele, como bolhas, e pelos fluidos corporais. Além disso, a OMS reconhece que a via respiratória também é uma meio de entrada para o vírus, mas sendo necessário um contato próximo e prolongado, motivo para a transmissibilidade considerada mais baixa.

As formas de contaminação, portanto, englobam o contato íntimo, com uma série de registros sendo associados a estabelecimentos destinados a encontros para o sexo. Por isso, a OMS alerta para que pessoas com muitos parceiros sexuais estejam atentas aos sintomas.

São eles febre, dor de cabeça, dores musculares e erupções na pele (lesões) como bolhas que começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, principalmente as mãos e os pés. A doença costuma apresentar um quadro leve, e as manifestações desaparecem sozinhas dentro de duas a três semanas.

Em caso de sintomas, os especialistas orientam a busca pelo serviço médico o mais rápido possível, assim como na situação de contato com pessoas sintomáticas. O período de incubação do vírus é longo, geralmente de 6 a 13 dias, mas podendo variar de 5 a 21 dias, segundo a OMS, o que pode levar a uma demora para o surgimento dos sinais.

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