OMS confirma surto do vírus Marburg após mortes
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OMS confirma surto do vírus Marburg após mortes

Gana já confirmou duas mortes em decorrência da Marburg , doença altamente infecciosa da mesma família do vírus causador do Ebola, em Ashanti, no sul do país da África Ocidental. Além dos óbitos, outras 98 pessoas da região foram colocadas em quarentena por suspeita de contato com os infectados, informaram as autoridades de saúde locais.

A doença tem sintomas como febre, dores musculares, diarreia, vômitos e mal-estar e o período de incubação varia de dois a 21 dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No sétimo dia, os pacientes desenvolvem sinais hemorrágicos graves, podendo levar à morte.

Como o vírus é transmitido?

A doença se trata de uma zoonose, ou seja, enfermidade normalmente disseminada entre animais que, depois, passou a contaminar humanos, como no caso da Varíola dos Macacos .

(Imagem ilustrativa) Vírus é transmitido aos humanos por meio dos morcegos que se alimentam de frutos
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(Imagem ilustrativa) Vírus é transmitido aos humanos por meio dos morcegos que se alimentam de frutos


Ele é transmitido aos humanos por meio dos morcegos que se alimentam de frutos e chega às pessoas por contato direto com fluidos corporais, superfícies e materiais contaminados. Macacos verdes africanos e porcos também podem carregar o vírus.

Além disso, mesmo após um paciente já ter se recuperado da doença, os fluidos corporais desse indivíduo — como o sangue ou sêmen, por exemplo — ainda podem infectar outras pessoas por muitos meses.

As pessoas com maior risco de contrair a doença são as que têm ou tiveram contato direto com os infectados, como familiares ou profissionais de saúde, e não usaram equipamentos de proteção. Veterinários e pesquisadores que atuem em laboratórios com animais do continente africano também se encaixam na categoria.

Doença já foi registrada anteriormente

Embora os casos atuais tenham sido detectados na África, o vírus foi identificado pela primeira vez nas cidades de Marburg e Frankfurt, na Alemanha, em 1967. À época, funcionários de laboratórios adoeceram depois de entrarem em contato com tecidos de macacos infectados que vieram da Uganda.

Nos últimos 40 anos, entretanto, apenas uma pessoa morreu na Europa e uma nos Estados Unidos, após ter viajado a Uganda.

Este é o primeiro surto em Gana, mas outros países africanos já tiveram casos da Marburg, como a República Democrática do Congo, o Quênia e África do Sul. Em 2005, um surto na Angola chegou a matar mais de 300 pessoas.

De acordo com a OMS, a doença já registrou cinco principais surtos no mundo:

  • 1967 - Alemanha - 29 casos e sete mortes;
  • 1998-2000 - República Democrática do Congo - 154 casos e 128 mortes;
  • 2005 - Angola - 374 casos e 329 mortes;
  • 2012 - Uganda - 15 casos e quatro mortes;
  • 2017 - Uganda - três casos e três mortes.

Em casos anteriores, as taxas de mortalidade variaram de 24% a 88%, de acordo com a organização.

Há tratamento?

Ainda não existe um tratamento específico para a doença.

Em caso de infecção pelo vírus, é feito o tratamento dos sintomas gerados pela enfermidade, que podem melhorar a qualidade de vida do paciente, como com a reposição sanguínea ou de líquidos. De acordo com a OMS, no entanto, uma série de produtos sanguíneos, medicamentos e terapias imunológicas estão sendo desenvolvidos. Vacinas contra o vírus também estão sendo avaliadas, mas ainda estão na primeira fase de testes.

A organização alerta que os sinais do vírus podem ser difíceis de serem diferenciados de outras doenças infecciosas, como a malária, a meningite ou outras febres hemorrágicas virais. Dessa maneira, o diagnóstico pode ocorrer de maneira tardia.

Uma detecção de sintomas de forma precoce ou de informações que relacionem a uma possível exposição ao vírus precisam ser notificadas às autoridades de saúde e a pessoa deve ser isolada imediatamente.

O diagnóstico deve ser feito por meio da coleta de amostras do paciente em laboratório. Entre os métodos, está o diagnóstico molecular (RT-PCR), que permite a identificação do material genético do vírus, além de testes de antígeno — que também servem para identificar o vírus da Covid-19.

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** Letícia Moreira é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. No Portal iG, trabalha nas editorias de Último Segundo e Saúde, cobrindo assuntos como cidades, educação, meio ambiente, política e internacional.

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