O brasileiro vitimado por um quadro de varíola dos macacos , a monkeypox, tinha um quadro de saúde bastante delicado mesmo antes de testar positivo para a doença infecciosa — já identificada em mais de mil brasileiros — afirmou a diretora do hospital em Belo Horizonte, onde ele estava internado.
Em entrevista ao GLOBO a médica infectologista Virginia Andrade afirmou que o homem de 41 anos passou por uma quimioterapia recente em decorrência de um linfoma. O tratamento o colocou em estágio de neutropenia, nome que se dá a baixa contagem de um tipo de células de defesa, os neutrófilos.
"A quimioterapia faz isso, ela tem essa possibilidade de evoluir dessa forma. Ele ficou internado por 14 dias. A hospitalização ocorreu em decorrência do monkeypox, mas já com uma saúde bastante fragilizada", explica a médica. — "A quimioterapia deixou ele bastante vulnerável. O monkeypox foi um dado dentro desse contexto, provavelmente ele evoluiria dessa maneira mesmo que não tivesse essa infecção".
Virginia explicou que, embora no Brasil não exista opção terapêutica para tratar a doença — mas sim seus sintomas — existe um antiviral na literatura médica (o tecovirimat) descrito como útil para tratar a doença.
"Como raramente há complicações, é menos provável que tenhamos a necessidade dessa indicação. Neste caso, em específico poderia ser útil. A condução do tratamento da doença é com remédios para dor, para coceira, se houver, para a febre e hidratação. É importante também fazer o diagnóstico específico, pois para outras doenças, caso da sífilis, há tratamento".
Ela explica, por fim, que pacientes em situação semelhante, em cuidados oncológicos, ou que apresentem imunossupressão, não descuidem das medidas de proteção não-farmacológicas. Caso do uso de máscara, higiene das mãos e mantendo distanciamento.