A equipe médica de um hospital dos Estados Unidos divulgou ter realizado o primeiro transplante parcial de coração do mundo com as artérias e válvulas vivas de um coração recém-doado fundidas ao coração existente de um paciente.
A cirurgia foi realizada em Owen Monroe, um recém-nascido de cinco quilos que veio ao mundo com uma condição chamada truncus arteriosus, na qual suas duas principais artérias do coração foram fundidas. Além disso, seu único vaso apresentava vazamento, tornando improvável que ele sobrevivesse à espera de um transplante de coração completo.
O objetivo do procedimento de referência é permitir que as novas válvulas cresçam com Owen ao longo do tempo, aumentando a expectativa de vida dele. A equipe médica acredita que uma abordagem semelhante poderia ser usada para colocar válvulas cardíacas recém-doadas em inúmeras outras crianças com defeitos cardíacos.
“Este procedimento potencialmente resolve o problema de uma válvula em crescimento. Se pudermos eliminar a necessidade de várias cirurgias de coração aberto toda vez que uma criança supera uma válvula antiga, poderíamos prolongar a vida dessa criança em potencialmente décadas ou mais”, disse Joseph W. Turek, chefe de cirurgia cardíaca pediátrica do hospital Duke Health, que liderou o procedimento pioneiro.
Em procedimentos tradicionais de transplante de coração, as crianças, como Owen, receberiam as duas artérias de cadáveres preservadas com válvulas, entretanto o tecido implantado no procedimento não cresceria junto com o coração do receptor, pois já está morto.
Nesses casos, os pacientes pediátricos, precisam passar por inúmeras cirurgias cardíacas, consideradas invasivas, pois é necessário a abertura do peito do paciente, ou seja, com o coração aberto, para substituir as válvulas por outras maiores, o que consequentemente diminui a expectativa de vida daquela criança.
No novo transplante parcial de coração, Turek e sua equipe, usaram tecidos vivos, ou seja, o crescimento da válvula ocorre naturalmente. O tecido foi obtido de um coração de doador que tinha válvulas fortes, mas não pôde ser usado para transplante completo devido à condição do músculo.
A cirurgia e o transplante inovador foram um sucesso. Realizada em abril deste ano, Owen, desde então, tem se recuperado bem com melhorias notáveis e sua perspectiva de vida continua forte.
“Nossa maior esperança é que a história de sucesso de Owen mude a forma como a doação e transplantes de órgãos são tratados não apenas para bebês com doenças cardíacas congênitas, mas para todos os pacientes”, disse Nick Monroe, pai de Owen.
Especialistas da Duke esperam que uma abordagem semelhante possa ser usada para tratar substituições comuns de válvulas em crianças, fornecendo uma cirurgia única para implantar tecido recém-doado que possa crescer com o paciente e evitar assim inúmeros transplantes desgastantes ao longo da vida dele.
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