Transmitida pelo aedes aegypti e aedes albopictus, novo vírus no Brasil já fez 828 brasileiros infectados
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Transmitida pelo aedes aegypti e aedes albopictus, novo vírus no Brasil já fez 828 brasileiros infectados

A retomada da livre circulação de pessoas, após mais de dois anos de duras restrições impostas pelo Covid-19, tem feito a Chikungunya avançar substancialmente no Brasil, principalmente no Nordeste.

Transmitida pelo mesmo mosquito que a dengue, ela já matou 64 cidadãos no país em 2022, quase 4,5 vezes mais do que os 14 óbitos verificados em todo o ano passado. O volume de casos saltou de 96.288 para 162.407 (68,6%). O Ceará registra a maior quantidade de diagnósticos mortes no período.

Ao todo, o estado já registrou 49.307 infecções em 20222, das quais 30 levaram à morte — entre 2 de janeiro e 5 de setembro, intervalo deste ano analisado até aqui. Isso representa quase metade (46,8%) das vidas perdidas no Brasil para a Chikungunya, doença que costuma ter baixa letalidade.

O cenário também preocupa em outras unidades da federação do Nordeste. Só no recorte de 2022, a região acumula 86,5% dos infectados do país (140,5 mil) contra 69,2% em todo o ano passado, que teve 66.693 pacientes.

As causas para o aumento dos casos de Chikungunya guardam relação com a enorme queda da Covid-19, assim como com a dengue. Com o retorno dos cidadãos às ruas, o vírus também voltou a circular com mais intensidade.

"As arboviroses (dengue, Chikungunya e Zika) caíram durante a pandemia, porque o fluxo das pessoas diminuiu. As pessoas também ficaram mais em casa, o que significa que cuidaram mais do espaço onde vivem, outro aspecto que dificulta a a proliferação do mosquito. Sem isso, vemos uma escalada bastante importante dessas doenças, se aproximando a dados de 2019", analisa a infectologista e epidemiologista Luana Araújo.

O Nordeste apresenta uma taxa de incidência 9,6 vezes maior que a média nacional, com 243,7 casos por 100 mil habitantes. Todas as outras regiões figuram abaixo da média nacional, de 76,1 casos por 100 mil habitantes. Entre os municípios brasileiros, Fortaleza lidera com 18.375 diagnósticos. A capital cearense é seguida por Maceió, com 4.331, e por Brejo Santo (CE), que tem 3.625.

O período de chuvas do Ceará, que ocorre no primeiro semestre, também pode ter contribuído para o avanço da moléstia no estado, avaliam especialistas.

"Em 2022, o Ceará está vivendo um dos anos com mais chuva da história recente. Isso se reflete na presença do mosquito vetor", esclarece o médico sanitarista da Fiocruz Brasília Claudio Maierovitch.

"O Brasil vive um ano epidêmico para dengue, afetando principalmente a Região Centro-Oeste. O Ceará, especificamente, vive uma de Chikungunya."

A melhor forma de prevenção é, portanto, evitar o acúmulo de água parada em locais como calhas, caixas d’água e vasos de planta, locais que atraem o mosquito transmissor. Repelentes, mosquiteiros e inseticidas também podem ser ferramentas contra a doença.

"A doença em si é letal, mas gera, com muita frequência, quadros crônicos que são difíceis de serem tratados e absorvidos pela saúde pública como um todo. Precisamos lidar, principalmente, com a proliferação do mosquito", continua Luana Araújo.

Sintomas

Os pacientes devem se atentar a sintomas como febre alta e dores intensas nas articulações, que atingem pés, mãos, dedos, tornozelos e pulsos. Alguns deles ainda podem sofrer com dores de cabeça e nos músculos, além de manchas vermelhas na pele. Uma vez infectado, o paciente desenvolve imunidade para o resto da vida.

Não há vacinas ou medicamentos aprovados contra Chikungunya — que significa "aqueles que se dobram" em swahili, da Tanzânia, por causa da aparência curvada dos pacientes —, já que doenças tropicais costumam ser historicamente negligenciadas. O tratamento busca aliviar os sintomas.

Entre as sequelas, a principal é a dor muscular, esquelética e nas articulações, semelhante a doenças reumáticas. A duração do quadro pode variar de meses a anos. Os pacientes também podem sofrer comprometimento neurológico, cardíaco e pulmonar.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil identificou o vírus da doença pela primeira vez em 2014. O período de incubação dura de quatro a sete dias. Aproximadamente, 30% dos pacientes não têm sintomas.

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