Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, apontou que milhares de pessoas podem sofrer de hipertensão sem saber mesmo fazendo exames regulares. Isso porque os cientistas descobriram que uma a cada oito pessoas com idades entre 40 e 75 anos apresenta picos de pressão enquanto está dormindo. Como a maioria dos exames de aferição de pressão arterial é feita durante o dia, a condição passa despercebida pelos médicos.
O trabalho publicado na revista científica British Journal of General Practice alerta para a necessidade de exames mais completos para o diagnóstico da doença. Os pesquisadores recomendam a realização de testes como o Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa). O aparelho usado nesse exame afere a pressão em intervalos médios de 20 minutos durante o período de 24h e é eficaz para verificar se a pressão do paciente sobe enquanto ele está dormindo.
Normalmente, a pressão arterial diminui à noite, quando estamos dormindo, e aumenta durante o dia, quando estamos acordados e em movimento. Os pesquisadores, ao analisarem dados de cerca de 21 mil pacientes do sistema de saúde britânico, observaram que para algumas pessoas, principalmente para aquelas com doença cardiovascular e idosos com diabetes ou doença renal, esse padrão é inverso: a pressão aumenta durante a noite e diminui durante o dia.
Esse fenômeno é chamado de “reverse dippers” e dificulta o diagnóstico da hipertensão arterial, já que os exames de rotina são feitos durante o dia.
Segundo o estudo, o aumento da pressão arterial durante a noite foi verificado em 49% dos pacientes internados em hospitais e em aproximadamente 15% da população geral do Reino Unido. Os pesquisadores notaram também que, quando os grupos de hospitalizados e não hospitalizados foram analisados juntos, uma em cada três pessoas com a condição “reverse dippers” tinha ao menos uma doença cardiovascular.
Com base nos novos dados, os cientistas sugerem que os médicos solicitem exames de monitoramento da pressão por 24 horas com maior frequência, para aferir a pressão também durante o sono.
"Não medir a pressão arterial noturna coloca todos os grupos em risco de falha na identificação da hipertensão. Recomendamos que os médicos de clínica geral indiquem o Mapa a todos os pacientes com idade a partir dos 60 anos, no mínimo, ao avaliar a hipertensão", concluíram os autores do artigo.
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