Entenda o que é o  transtorno dissociativo de identidade (DTI)
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Entenda o que é o transtorno dissociativo de identidade (DTI)

Já conheceu alguém que ao longo do dia apresenta diferentes comportamentos, com muita variação de pensamentos, discurso e atitudes, e muitas vezes não se lembra do que fez ou dos lugares que frequentou? Saiba que essa condição existe, e muitas vezes é causada pelo transtorno dissociativo de identidade (DTI). A condição acomete em torno de 1,5% da população global, segundo a National Library of Medicine.

Retratada em filmes e séries, a condição é considerada rara. Normalmente, é desencadeada por traumas é caracterizada pela incapacidade de recordar alguns eventos que ocorrem no dia a dia, algumas memórias, bem como situações traumáticas e estressantes.

A psiquiatra Sonia Maria Motta Palma, psiquiatra da Beneficência Portuguesa de São Paulo, em entrevista ao Portal IG, falou a respeito da patologia e de como ela afeta a vida social do paciente.

O transtorno dissociativo de identidade é o que chamávamos de transtorno de personalidade. Ele ocorre quando uma pessoa apresenta diferentes personalidades que se intercalam durante a vida

"Esse quadro faz com que durante o dia o paciente possa falar, agir e pensar como se fosse outra pessoa e, naquele momento, ela pode não ter lembranças do que fez", explica Sonia.

"Esse é um transtorno muito raro, que muitas vezes leva anos para ser diagnosticado. Existem indivíduos com seis, sete e até mais de vinte personalidades diferentes, que se intercalam durante o dia ou na vida", afirma a psiquiatra.

"Em geral, é uma forma de proteção do psiquismo, pois enquanto uma personalidade atua, as outras ficam num estado inconsciente. Geralmente, a condição decorre de um trauma muito grande na infância; assim, para que o psiquismo não se rompa, essa pessoa acaba desenvolvendo outras personalidades que levam a esse transtorno como uma maneira de se proteger psiquicamente de situações que foram muito difíceis para ela", completa a médica.

Saiba quais são os sintomas:

  • Múltiplas identidades;
  • Lapsos de memória;
  • Mudanças de comportamento;
  • Amnésia traumática;
  • Alterações na autopercepção;
  • Ansiedade e depressão;
  • Autolesões e comportamento de risco;
  • Sintomas físicos.

Diagnóstico e consequências

O paciente pode assumir nomes, histórias e situações que não são comuns à sua vida original, o que causa muita estranheza e dificulta o diagnóstico.

Em muitos casos, o diagnóstico é confundido com esquizofrenia, o que acaba atrasando bastante o tratamento.

"A forma de diagnóstico é clínica, pois não existem exames de imagem ou exames de sangue que possam apoiar e comprovar a doença", enfatiza a especialista.

"As consequências para a vida social do paciente são inúmeras, pois a pessoa acaba não conseguindo estudar, trabalhar e acaba precisando lidar com o preconceito", continua a psiquiatra.

A médica explica que muitas vezes essas pessoas precisam ser afastadas do trabalho ou precisam interromper os estudos por conta dessas situações que terão repercussões na vida financeira, familiar e afetiva.

"Atualmente, o método mais empregado para estabilizar os indivíduos é a psicoterapia, a fim de garantir seu bem-estar. Em paralelo, avaliam-se as vivências traumáticas, buscando compreender as várias identidades e entender os gatilhos por trás do surgimento dessas personalidades distintas", diz a psiquiatra.

Ainda não existe na comunidade médica uma unanimidade em relação aos tratamentos baseados em medicamentos. É necessário que o paciente da condição seja acompanhado por um profissional apropriado, que irá prescrever as medidas adequadas a serem adotadas.

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