Nipah: entenda o vírus que faz a Índia tentar frear risco pandêmico
Ian D. Keating
Nipah: entenda o vírus que faz a Índia tentar frear risco pandêmico

As autoridades da região de Kerala, sul da Índia , alertaram na última quarta-feira (13) a confirmação do ressurgimento do vírus Nipah , que já resultou em pelo menos duas mortes neste novo surto. Medidas rigorosas estão sendo implementadas pelas autoridades para conter a disseminação da doença.

Segundo o ministro-chefe da região, Pinarayi Vijayan, a presença do vírus foi confirmada no distrito de Kozhikode. Nas últimas 48 horas, aproximadamente 800 pessoas da região passaram por testes, resultando em dois adultos e uma criança internados para observação após terem seus resultados positivos para o vírus. Estados vizinhos, como Karnataka e Tamil Nadu, implementaram medidas de testagem para visitantes provenientes de Kerala, com planos de isolar qualquer pessoa que apresente sintomas gripais.

O vírus é transmitido por contato com fluidos corporais de morcegos, porcos ou pessoas infectadas, de acordo com informações fornecidas por uma autoridade estadual de saúde. Amostras de urina de morcego, excrementos de animais e frutas parcialmente consumidas foram coletadas em Maruthonkara, a aldeia onde residia a primeira vítima. Essa localidade está situada adjacente a uma floresta de 121 hectares que abriga diversas espécies de morcegos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima uma alta taxa de mortalidade para o vírus Nipah, situando-se entre 40% e 75%. Isso o torna mais letal do que o vírus da COVID-19, que possui uma taxa de mortalidade variando de 0,1% a 19%, dependendo da localidade. No entanto, embora as chances de mortalidade sejam significativamente elevadas uma vez infectado pelo vírus Nipah, ele é consideravelmente menos contagioso do que o coronavírus.

O vírus Nipah pode se manifestar por meio de sintomas respiratórios, como tosse, dor de garganta, dores no corpo, fadiga e encefalite, que resulta em inchaço cerebral, podendo levar a convulsões e, em casos graves, à morte. O período de incubação típico do vírus varia de 4 a 14 dias, embora tenha sido relatado um caso com incubação de 45 dias antes dos primeiros sintomas. Um período de incubação mais longo também aumentaria o risco de transmissão, já que muitos indivíduos poderiam estar infectados sem apresentar sintomas por um período prolongado.

De acordo com a OMS , os principais métodos de diagnóstico incluem o uso da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), que também é empregada nos diagnósticos do novo coronavírus, para analisar fluidos corporais, e a detecção de anticorpos por meio do ensaio imunoenzimático (ELISA). Até o momento, não existem tratamentos específicos, como vacinas ou medicamentos, capazes de minimizar ou controlar os sintomas da doença. Devido ao alto risco e à elevada taxa de mortalidade, a OMS está atenta à possibilidade de mutações do vírus e ao aumento da sua capacidade de transmissão.

O vírus foi identificado em 1999, durante um surto que afetou criadores de suínos e indivíduos em contato próximo com esses animais na Malásia e em Cingapura . No primeiro surto em Kerala, 21 dos 23 infectados perderam a vida, enquanto os surtos de 2019 e 2021 resultaram em mais duas mortes.

Ainda não existe uma vacina para o Nipah, e não existe uma vacina disponível para prevenir a infecção. Segundo a OMS, o tratamento principal consiste em cuidados de suporte, que envolvem o controle dos sintomas e a garantia de que os pacientes infectados recebam repouso e hidratação adequadas.

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