O ano de 2024 começou conturbado para a saúde brasileira. De um lado, temos o Brasil registrando uma crescente contínua e preocupante de casos de Dengue. Do outro, uma nova onda da Covid-19 surge e preocupa os governos locais, que estão trabalhando no controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti .
Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última sexta-feira (8), apenas nas nove semanas iniciais do ano, foram registrados 1.342.086 possíveis casos de Dengue, além de ao menos 363 óbitos. Outras 763 mortes estão sendo investigadas para entender se há relação com a doença. A pasta informa também que o coeficiente de incidência da doença é de 1327,5 (para cada 100 mil habitantes).
A situação da Dengue levou sete Estados mais o Distrito Federal a decretar situação de emergência. São eles:Acre, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
Já a Covid, o site no Ministério da Saúde de atualizações de casos aponta que, até o momento, cerca de 381 mil casos foram registrados neste ano, com 1.889 mortes. As infecções estão no maior índice até o momento, tendo a nona semana mais de 70 mil casos confirmados.
Co-infecção
Às crescentes de casos deixam a população em meio a uma potencial co-infecção das doenças, ou seja, que o paciente seja infectado pela Covid e pela Dengue ao mesmo tempo. Segundo a infectologista Dra. Paula Pinhão, a junção das duas doenças podem agravar o quadro do paciente. “Duas infecções acontecendo ao mesmo tempo, no organismo aumentam a chance de agravamento porque o sistema imunológico fica sobrecarregado. Nesse sentido, os órgãos vitais podem entrar em sofrimento e começar a dar sinais de falência”, explica a médica.
A sobrecarga citada pela médica se deve ao sistema imunológico ter que se defender de dois ataques ao mesmo tempo, podendo deixar o organismo enfraquecido e propenso a doenças infecciosas oportunistas.
A Dengue e a Covid acabam apresentando alguns sintomas similares , que podem acabar gerando dúvidas na hora de pedir um exame. Mas, Pinhão diz que alguns sintomas são necessários ficar de olho: “A febre é um sintoma comum às duas doenças, bem como a sensação de mal-estar, prostração e fraqueza. Falta de apetite também pode acontecer nas duas doenças e sintomas gastrintestinais como náusea, vômito e diarréia também. Sintomas respiratórios como coriza, espirros, dor de garganta e falta de ar são mais comuns na COVID. Sintomas como dor atrás dos olhos e dor muscular são mais comuns na dengue.”
Pinhão, entretanto, tranquiliza dizendo que hoje dispomos de testes rápidos que são fáceis de serem coletados e cujos resultados saem em pouco tempo. Isso facilita o diagnóstico e o tratamento adequado.
Prevenção e cuidados
Ainda que o caso de co-infecção possa atingir a todos, alguns casos são mais delicados, como o de idosos , crianças menores de 2 anos, imunodeprimidos e gestantes. Pinhão diz que a principal chave para ambas infecções é a vacinação . “Quem não está com a vacinação contra Covid atualizada, deve se vacinar. E quem tem possibilidade de tomar vacina de dengue, deve o fazer”.
Mas alguns outros métodos também devem ser adotados, como o uso de máscara para pacientes com sintomas da Covid , o uso de repelente é capaz de evitar a picada do mosquito da Dengue, e, além disso, o controle dos criadouros do mosquito também é essencial para o controle da doença ao nível populacional.
Em caso de manifestação de algum dos sintomas, é imprescindível a ida ao médico para que siga um protocolo de tratamento adequado. “Medicamentos anti-inflamatórios (ibuprofeno, cetoprofeno, cataflan, nimesulide) não devem ser utilizados na suspeita de dengue, nem AAS. O ideal é que, na presença de sintomas, seja feito um atendimento médico de qualidade e o tratamento, seja realizado da maneira correta para cada paciente”, completa a infectologista.