Uma nota técnica divulgada pelo Monitora Covid-19, grupo de estudos da Fiocruz, alerta que a rede de saúde pública da cidade do Rio "voltou a apresentarsinais de colapso, tanto para as causas de mortalidade diretamente, quanto para as indiretamenterelacionadas à epidemia de Covid-19".
Nesta terça-feira, 168 pessoas aguardavam por um leito de UTI na região metropolitiana, que além da capital contempla a baixada fluminese. Na rede privada a situação também é preocupante, já que 98% dos leitos de terapia intensiva da cidade do Rio estão ocupados.
Um dos recortes utlizados pelos especialistas da Fiocruz para chegar à conclusão foi a proporção de mortes em domicílio na capital até dia 20 de novembro de 2020 em comparação aos três anos anteriores. Atualmente a proporção dos óbitos em casa está na casa dos 15%, enquanto a média para esse perído foi de cerca de 12%. A proporção de novembro é maior inclusive do registrado na cidade no pico da pandemia.
"Nos anos anteriores, havia uma média de 12,7% de óbitos que ocorriam nos domicílios. Essepadrão foi ultrapassado de março a maio de 2020. De maio a outubro houve uma redução doindicador, mas em outubro e novembro os valores voltaram a subir, chegando a 15% emnovembro, o que pode demonstrar a incapacidade de diagnóstico e de internação de casos graves,tanto de doenças crônicas, quanto de Covid-19", diz trecho da nota técnica.
Outro dado analisado pelo grupo de estudos foi o local do óbito em geral, tenha a pessoa sido hospitalizada ou não. Os especialistas concluiram que do total de mortes no Rio pelo coronavírus, somente 40% foi em uma UTI
"Provavelmente mais da metade da população que veio a óbitopor Covid-19 no município sequer teve a chance de receber atendimento intensivo", afirmam.
Alerta para as festas de fim de ano
Uma das preocupações do grupo técnico é que o novo aumento de casos da doença no Rio acontece próximo das festas e comemorações de fim de ano e alertam que o quadr o de desassistência poderá se agravar em breve caso não tenha um reforço na estrutura hospitalar:
"Esse quadro de desassistência pode se agravar com o aumento do número de casos e da exposiçãoda população a situações de risco de transmissão do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Nessesentido, é importante o reforço da estrutura hospitalar de cuidados intensivos, a intensificação dasatividades de atenção primária em saúde, articulada com a vigilância em saúde, bem como amanutenção de medidas de isolamento social e alerta para condições de risco nas próximassemanas, especialmente diante do quadro preocupante de realização de grandes festas de fim deano, que já contam com propaganda regular nas redes sociais."