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Caso a descoberta seja comprovada, será possível investigar como essa variante específica consegue fazer mais cópias de si mesma em pacientes infectados
Igor Shimabukuro
Caso a descoberta seja comprovada, será possível investigar como essa variante específica consegue fazer mais cópias de si mesma em pacientes infectados

Um novo estudo liderado por Michael Kidd, da Public Health England e da Birmingham University, aponta que a nova variante do coronavírus (B1.1.7) está associada a cargas mais altas do vírus no sangue.

De acordo com a pesquisa publicada no medRxiv no último domingo (27), cerca de 35% dos pacientes infectados pela nova cepa do Sars-CoV-2 apresentaram níveis muito altos do vírus em suas amostras, em comparação com 10% dos pacientes sem a variante.

Cargas virais mais altas têm sido associadas a resultados mais negativos da Covid-19, mas ainda serão necessários estudos adicionais para confirmar ou refutar a tese de Kidd.

Caso a descoberta seja comprovada, será possível investigar como essa variante específica consegue fazer mais cópias de si mesma em pacientes infectados.

Gene neandertal e rapidez na produção de anticorpos


Além da pesquisa de Kidd, dois outros novos estudos podem auxiliar na compreensão de como a Covid-19 atua no corpo humano.

Publicado na véspera do Natal, também no medRxiv, um novo estudo apontou não só que uma proteína específica transmitida pelos neandertais pode proteger contra casos graves de Covid-19, como também indicou que medicamentos capazes de aumentar a produção desta proteína pode ser um grande aliado no tratamento contra o vírus.

A proteína em questão é conhecida como OAS1 e está envolvida na resposta do corpo ao vírus.

Segundo a descoberta, pessoas com níveis mais altos da OAS1 são menos suscetíveis ao coronavírus e, se forem infectadas, correm menos riscos de serem hospitalizadas, entubados ou virem a óbito.

“Esta forma protetora de OAS1 está presente nos africanos subsaarianos, mas foi perdida quando os ancestrais dos europeus modernos migraram para fora da África. Ela foi então reintroduzida na população europeia por meio do acasalamento com neandertais”, afirmou o co-autor do estudo, Brent Richards.

A pesquisa contradiz um estudo publicado anteriormente , relacionando os genes neandertais a complicações e maiores riscos com a Covid-19.

Velocidade é melhor que volume

A outra descoberta indica que a velocidade de produção dos anticorpos determina se eles sobreviverão ao coronavírus, e não o volume de anticorpos.

Após observarem cerca de 200 pacientes infectados pela Covid-19 — incluindo os hospitalizados —, os pesquisadores analisaram que apenas os indivíduos que produziram os anticorpos neutralizantes dentro de 14 dias conseguiram se recuperar.

Os outros, que não conseguiram produzir os anticorpos dentro de duas semanas, desenvolveram cargas virais mais altas e doenças mais graves.

Anticorpos
Produção de anticorpos neutralizantes dentro de 14 dias podem salvar indivíduos infectados. Foto: Centers for Disease Control and Prevention/Divulgação

“Não está claro o motivo dos anticorpos gerados após este ponto de tempo serem incapazes de promover a depuração viral e recuperação em pacientes com Covid-19”, disseram os pesquisadores em um relatório publicado no medRxiv.

No entanto, segundo a líder do estudo, Akiko Iwasaki, é possível que após este período o vírus se torne mais resistente ao se esconder em tecidos inacessíveis.

A descoberta sugere que o tratamento com drogas de anticorpos monoclonais devam funcionar somente se usadas logo após a descoberta da infecção.

Fonte: Reuters

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