Em diferentes estados do Brasil, profissionais de enfermagem foram denunciados por interferir na imunização
contra a Covid-19. Vídeos circulam na internet mostrando infrações como a aplicação simulada de seringas vazias
ou momentos em que o profissional finge que a aplica o conteúdo, causando revolta e, também, preocupação. De acordo com os órgãos competentes, porém, já existem medidas para coibir a prática, bem como protocolos que podem ser seguidos pelo vacinado
e/ou acompanhantes para garantir uma vacinação segura.
No Rio de Janeiro, onde houve registro de casos em Petrópolis e Niterói, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RJ) confirmou o recebimento das denúncias - apesar de não especificar quantos casos foram relatados no estado. Segundo o conselho, os profissionais serão ouvidos pelo Departamento de Ética, que investigará o ocorrido. A entidade reforça ainda que “é garantido o direito de defesa e do contraditório dos investigados''. Em casos comprovados, um processo ético é instaurado e o profissional pode chegar a perder o registro.
"Quanto ao processo de vacinação, as secretarias ainda precisam responder quais são os protocolos técnicos e de segurança estão sendo aplicados, se existem procedimentos operacionais padrão ou instruções de trabalho relativos à vacinação contra a Covid-19, em postos fixos ou móveis (drive thru), se todos os vacinadores foram capacitados para atuação no PNI (Programa Nacional de Imunização)", destaca o conselho, em resposta aos questionamentos feitos pelo iG.
Na capital do estado, profissionais são orientados a mostrar a seringa e ampola com imunizante antes de realizar a aplicação.
Em nota, a presidente do Coren-RJ, Lilian Behring, também destaca que as ocorrências foram muito poucas quando lembramos que, até então, quase 5 milhões de pessoas foram vacinadas no Brasil. “Cabe ressaltar à população que a enfermagem é a profissão mais qualificada para a vacinação, inclusive reconhecida internacionalmente", destacou. Até a conclusão desta matéria, o Conselho Federal de Enfermagem não respondeu aos questionamentos sobre o assunto.
Em Goiânia, local onde outro vídeo chamou atenção, o M inistério Público analisa a denúncia . Assim como Maceió, onde a primeira perícia da infração documentada em vídeo confirma que seringa utilizada não possuía qualquer defeito. Ambas as profissionais foram afastadas do cargo.
Um projeto de lei, proposto pelo deputado Ricardo Silva (PSB-SP), quer tornar crime a simulação de aplicação da vacina. Caso aprovado, a infração pode resultar de 8 a 12 anos de reclusão e multa.
Ao portal O Globo, o infectologista Alexandre Naime defendeu que, neste momento, alguns protocolos de vacinação devem ser seguidos. As orientações incluem a conferência da seringa e ampola que serão utilizadas. É possível pedir para ver o líquido do imunizante e conferir a seringa antes e depois da aplicação. Detalhes como lote e data de fabricação da ampola também devem ser conferidos.