A decisão de retirar ou não as patentes das vacinas contra a Covid-19 parece estar longe de um desfecho. Em reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC), ocorrida nesta terça-feira (23), os países voltaram a discordar e aumentaram ainda mais a pressão sobre a entidade.
África do Sul e Índia voltaram a alegar que a suspensão ampliaria o alcance dos imunizantes e reduziria os preços das vacinas. Por outro lado, EUA, Noruega, Suíça, União Europeia, Canadá e Japão garantiram que a retirada das patentes das vacinas não é capaz de solucionar a crise.
Durante a reunião, a delegação sul-africana compartilhou dados de que EUA e Reino Unido respondem por 30% das mais de 200 milhões de vacinas aplicadas no mundo todo. Já os países que são contra a isenção de patentes respondem por 60% dos imunizantes.
Isso dificulta a aquisição de doses por nações mais pobres e agrava a situação dos 113 países que ainda não receberam vacinas. Nem mesmo o modelo de doações pode minimizar a crise. “O problema da filantropia é que ela não pode comprar igualdade”, disse o delegado sul-africano.
Para a Índia, a disseminação do novo coronavírus em nações emergentes prolongaria a pandemia e, consequentemente, afetaria os países ricos. E mais: os mesmos que rejeitam a suspensão das patentes, ignoraram o alerta de escassez de vacinas e agora lidam com a insuficiência de imunizantes para seus cidadãos.
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Brasil neutro
Apesar de ser uma das nações contrárias à ideia da suspensão de patentes em 2020, o Brasil
se manteve em silêncio na reunião.
A avaliação do governo brasileiro é de que não é necessário suspender o acordo como um todo — já que as leis da OMC permitem a busca do licenciamento de patentes dos países —, mas a pandemia exige uma mudança nas regras para países mais pobres.
Os diplomatas estrangeiros, por sua vez, interpretaram o silêncio brasileiro como um ato para evitar conflitos com a Índia. Isso porque o país asiático proverá uma quantidade considerável de doses de imunizantes para a vacinação da população brasileira.
Via: Uol