Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan
Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta manhã pelo Twitter que 3 mil doses de soro  contra Covid-19 estão prontas para iniciar o uso, aguardando aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo ele, a aprovação é aguardada para a próxima semana e o objetivo é usar no tratamento de infectados.

- Aqui no Butantan existe tradição de produção de soros, o mais tradicional é contra veneno de cobra. E agora desenvolvemos um soro contra o coronavírus - afirmou.

A tecnologia usada para o soro contra o coronavírus é a mesma que o instituto domina há 120 anos e pode ajudar na cura de infectados, enquanto a vacina não tem alcance para imunizar os brasileiros. O soro deverá ser usado ainda em fase de testes.

A diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski Tavassi explica que o soro é o anticorpo pronto, ministrado no paciente para conter a ação do vírus. A equipe do cientista Edison Durigon, da USP, isolou o coronavírus e mandou para o Butantan, que cultivou o vírus em células, inativou e testou em hamster e coelhos até chegar à penultima fase antes de chegar aos humanos, que é usar o soro em cavalos.

Tavassi afirma que os cavalos são escolhidos porque têm muito mais sangue e conseguem gerar muitos anticorpos - animais pequenos têm menos sangue e geram menos anticorpos proporcionalmente. Até agora foram usados 10 cavalos, que ficam numa fazenda do Instituto Butantan em Araçariguama.

Por usar o virus total inativado, assim como a CoronaVac, o soro tem mais chance de funcionar com mutações do coronavirus, já que não se limita a usar anticorpo contra a proteína S, a SPike Pela lógica, se o vírus está inteiro, tem mais chance de ser reconhecido do que por uma única proteína.

Vários institutos estão fazendo soro, como o Vital Brasil, no Rio, e fora do Brasil em países como Argentina, México e Costa Rica. Todos eles são desenvolvidos, porém, com base apenas na proteína S.

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Desta vez, para inativar o vírus, o Butantan usou uma técnica mais moderna, de radiação, em parceria com o Ipem. Normalmente são usados produtos químicos na inativação, mas os cientistas queriam manter ao máximo a integridade do coronavírus.

O resultado, segundo a cientista, é que o soro conseguiu controlar muito bem a infecção causada pelo coronavírus no pulmão dos animais, principal causa da morte de humanos.

Ana Marisa afirma que o soro é sempre uma alternativa quando se quer reduzir mortes em pandemia. - A vacina vai fazer a prevenção, mas o soro pode salvar vidas - diz ela.

Hoje o Butantan produz 12 tipos de soro e sete vacinas - é o único fornecedor da vacina para influenza no país.

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