A suspeita de efeitos colaterais associados à vacina produzida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a universidade de Oxford já é alvo de preocupação em vários países. Até agora, o imunizante - que é um dos dois utilizados contra a Covid-19 no Brasil - já foi suspenso em 16 países , entre os quais Dinamarca, Islândia, Áustria, Luxemburgo, Estônia, Lituânia, Itália, Noruega, Alemanha, Irlanda, Holanda, além de ter autorização adiada na Venezuela.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, que investiga a vacina na Europa, porém, ainda não há comprovações sobre a associação entre o imunizante e os efeitos, caracterizados por coágulos sanguíneos em alguns pacientes. No Reino Unido, onde milhares de pessoas já receberam doses do imunizante, o diretor da equipe científica de Oxford afirmou que não há qualquer relação entre os colágulos e as substâncias encontradas na vacina.
"Há provas muito tranquilizadoras de que não houve aumento da trombose aqui no Reino Unido, onde se administraram até agora a maioria das doses da Europa. É absolutamente essencial que não prejudiquemos a vacinação", disse Andrew Pollard, diretor do grupo de vacinas de Oxford, à rádio BBC.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnsn, também afirmu que acredita na segurança e eficácia da vacina, reforçando, em artigo no The Times, que a vacina é "relativamente fácil de distribuir e fornecida a preço de custo".
No Brasil, a análise sobre a segurança da vacina é feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que não vê relação entre os eventos e monitora apenas cinco ocorrências de suspeita de tromboembolismo ntre os quase 3 milhões de pessoas que receberam doses da vacina no Brasil.
"Já foram aplicadas mais de dois milhões e oitocentas mil doses da vacina Fiocruz/AstraZeneca no Brasil. A Anvisa está monitorando nesse conjunto a ocorrência de cinco casos suspeitos de eventos tromboembólicos aqui ocorridos, não havendo, até o momento, correlação estabelecida entre o uso da vacina Fiocruz/Astrazeneca com eventos adversos relacionados à coagulação sanguínea", disse a Anvisa em comunicado da Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária. O informe diz, ainda, que o lote suspenso por alguns países da Europa não veio para o Brasil.
"O lote suspeito – ABV5300 – é fabricado pela Astrazeneca e não é utilizado no Brasil. As vacinas utilizadas no Brasil, até a presente data, que foram importados pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos - Bio-Manguinhos/Fundação Oswaldo Cruz, provêm do Serum Institute of India Pvt. Ltd, outro sítio de fabricação da vacina e, portanto, lotes diferentes daquele utilizado nos países relatados", continua a nota.