Covid-19: Casos ‘importados’ são maioria em Araraquara
Flavia Correia
Covid-19: Casos ‘importados’ são maioria em Araraquara

O Comitê de Contingência da Covid-19 de Araraquara, no interior paulista, divulgou neste domingo (28) que 54,5% dos ocupantes de leitos são de outras 36 cidades do Brasil. Dos 196 pacientes internados, 89 são moradores de Araraquara e 107 "importados".

Além de habitantes da microrregião de Araraquara, como Américo Brasiliense, Rincão e Nova Europa, a cidade também acolhe pacientes de outros municípios paulistas como São Carlos, São José do Rio Preto e Jaboticabal. De fora do estado, Araraquara atende pacientes de Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Após endurecimento das medidas restritivas na cidade, entre 21 de fevereiro e 2 de março, o número de infectados caiu pela metade. Enquanto a média diária de casos subiu 40% em todo o estado, entre 21 de fevereiro e 21 de março, Araraquara registrou queda de 58%.

Apesar disso, o índice de internações permanece alto: a taxa de ocupação de leitos é de 74% na enfermaria e 89% na UTI. As informações são da edição do dia 28 de março do Boletim Coronavírus da prefeitura (dados coletados entre as 10h do dia anterior e as 10h do dia de divulgação do boletim).

Na quinta-feira (25), pela primeira vez em 44 dias, o município não registrou mortes por Covid durante 24 horas. Entretanto, com a ocorrência de seis óbitos no sábado (27) e um no domingo (28), a preocupação voltou a atingir os mais de 238 mil habitantes da cidade. O número total de vítimas fatais da Covid-19, até o momento, é de 325.

Adoção de medidas restritivas extremas em Araraquara

A cidade foi a primeira do estado, acima de 100 mil habitantes, a restringir a circulação de veículos e pessoas unicamente a casos excepcionais. Houve suspensão, inclusive, de serviços considerados essenciais, como o transporte coletivo e o funcionamento de mercados, padarias e hortifrutis.

Nesse período, só permaneceram abertos ao público farmácias e estabelecimentos de saúde. A movimentação de pessoas só era permitida para atendimento médico, compra de remédios e a trabalho. Os moradores que estivessem na rua deveriam apresentar justificativa, além dos documentos pessoais de identificação e comprovante de endereço. As multas para o descumprimento às regras eram de R$ 120 para pessoas físicas e de R$ 6 mil para empresas.

O colapso da rede de saúde, com 100% de ocupação e transferência de pacientes graves para outras localidades, foi o que levou o prefeito Edinho Silva (PT) a adotar tais medidas. Outro fato determinante foi a circulação da cepa P1, variante mais transmissível do coronavírus, originária em Manaus.

Após 10 dias de lockdown total e fiscalização rigorosa, o município esvaziou as filas de espera por leitos de UTI no 13º dia. A lotação máxima frequente em fevereiro, só ocorreu durante três dias no mês de março. 

Resultados em Araraquara inspiram outros municípios

Na comparação entre as taxas atuais e os dados registrados antes do lockdown, a situação epidemiológica de Araraquara serve de exemplo e está inspirando outros municípios do estado.

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Américo Brasiliense, Boa Esperança do Sul, Rincão e Santa Lúcia também decretaram fechamento total durante alguns dias de fevereiro. São José do Rio Preto, que começou o lockdown no dia 17 de março, tem previsão de reabertura para o dia 31. Com duração de 5 dias, também teve início no dia 17 o bloqueio total em Ribeirão Preto.

São Carlos tem 30 pacientes sendo atendidos em Araraquara, que fica a 45 quilômetros da cidade. Na última semana, a Santa Casa são-carlense acabou com seu estoque de medicamentos. A entidade só não precisou recorrer à transferência de pacientes graves da UTI porque conseguiu empréstimo de remédios de outros hospitais.

Mesmo assim, o município ainda não pensa em lockdown. Entre as medidas de combate ao vírus, a cidade decretou o dia 1º de abril, quinta-feira santa, como ponto facultativo. O aluguel de áreas de lazer para eventos acarretará multa de R$ 10 mil.

Quarentena em motel desativado e barreiras sanitárias

Araraquara vai usar um motel desativado para isolar positivados e controlar a disseminação da doença na cidade. O objetivo é evitar a circulação dessas pessoas nas ruas e o contato com familiares. O acolhimento será principalmente para pacientes com dificuldades em cumprir o isolamento obrigatório. A maior concentração será de quem more sozinho ou, ao contrário, convive com muitas pessoas num mesmo espaço. 

O prédio, que estava para locação, foi cedido para a prefeitura. Em troca, os cofres públicos se encarregam de bancar os custos do imóvel. A unidade, que tem capacidade para 44 pacientes, terá visitas diárias de equipes médicas.

A prefeitura também anunciou que, a partir de quarta-feira (31), vai colocar barreiras sanitárias nos acessos à cidade, visando impedir a entrada de visitantes infectados.

Fontes: Prefeitura de Araraquara / Estadão / CNN Brasil

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