A chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, afirmou nesta quinta-feira (1°) que o Brasil vive uma "situação crítica" com a variante P.1 do coronavírus, mais transmissível, que pode sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde do país.
"De fato, há uma situação crítica [no Brasil], os desafios são muitos em termos de aumento da transmissibilidade com essa variante P.1 que foi detectada e que está circulando no país", disse Kerkhove em entrevista coletiva.
"Se aumenta a transmissão, ou os vírus são mais transmissíveis, você terá mais casos que podem sobrecarregar todo o sistema que já está saturado", explicou a epidemiologista.
A variante P.1, que foi identificada pela primeira vez em Manaus, é apontada como uma mutação mais transmissível
do coronavírus, com potencial de reinfectar quem já teve Covid-19.
"Nós fomos informados de que essa variante P.1 é dominante em pelo menos 13 estados até o momento, e nós vimos que houve um aumento de hospitalizações e internações na UTI em todos os grupos etários, inclusive nos mais novos", disse Kerkhove.
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A líder técnica da entidade reforçou também a importância de se manter com as medidas de distanciamento e higiene – além da vacinação. Dessa forma, é possível evitar o aumento no número de casos e maior sobrecarga no sistema de saúde.
O mês de março terminou com o registro de 66.868 mortes por Covid-19
no país. Foi o mês mais mortal da pandemia até agora no país, com o dobro de óbitos do segundo mês mais mortal, julho de 2020. Com o recorde de 3.950 mortes em um único dia registrado nesta quarta-feira (31), a pandemia avança dando poucos sinais de que deve perder força nos próximos dias, sinalizando uma piora que pode demorar ao menos mais duas semanas, afirmam especialistas.
O quadro da epidemia, descrito como “extremamente crítico” pela Fiocruz, já exibe dois estados (Amapá e Mato Grosso do Sul) com capacidade de terapia intensiva 100% esgotada. Há 16 estados com lotação acima de 90%, incluindo São Paulo (92%), que teve terça sozinho o recorde de 1.209 mortes em 24 horas.