Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a pneumologista Margareth Dalcolmo prevê que o mês de abril será o mais triste desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil.
Na quarta-feira (31), em entrevista à GloboNews, a médica disse que a sociedade tem que estar ciente de que a vacina é uma solução, mas não um milagre. "A vacina, sozinha, não vai resolver. As pessoas têm que se vacinar e ficarem nas suas casas. Nós pedimos e vou pedir mais uma vez, não pode ter Páscoa, não pode ter festas, não pode ter aglomerações, não pode ter cerimônias de famílias, não pode ter festa de aniversário, não pode ter nada", advertiu a especialista.
A pesquisadora afirmou ainda que assim também deveria ter sido o Natal e o Carnaval. "Mas, infelizmente, parece que o que nós estamos dizendo não é entendido por todas as pessoas e isso nos entristece muito, porque vamos continuar a trabalhar todos os dias. Nos entristece internar pessoas jovens como estamos internando hoje", disse a médica.
O neurocientista Miguel Nicolelis também alertou, noite de quarta-feira (31), ao El País, que o Brasil está "a poucas semanas de um ponto de não retorno da crise da Covid-19".
O cientista calcula que o país terá um quadro de 4 mil a 5 mil óbitos diários nas próximas semanas e mais de meio milhão de vítimas fatais em julho, se nada for feito.
"Se o colapso funerário se instalar neste país, começaremos a ver corpos sendo abandonados pelas ruas, em espaços abertos" ressaltou. "Teremos que usar o recurso terrível de usar valas comuns para enterrar centenas de pessoas simultaneamente, sem urnas funerárias, só em saco plásticos, o que vai acelerar o processo de contaminação do solo, do lençol freático, dos alimentos, e com isso gerar uma série de outras epidemias bacterianas gravíssimas", apontou.
Março foi o pior mês
No mês anterior, a pesquisadora já havia adiantado que março também seria muito afetado pela Covid-19. Na ocasião, ela calculou que seria possível constatar o aumento do contágio da Covid-19 e as consequências em todo o Brasil da desobediência às recomendações feitas pelos cientistas, como o uso de máscaras, o distanciamento social, a necessidade de lavagem das mãos e o uso de álcool em gel.
E, de fato. O Brasil terminou março com o mês em que mais pessoas morreram desde o início do surto do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Ao todo, de acordo com o Ministério da Saúde, o país perdeu 66.868 brasileiros no período, consolidando-se como epicentro mundial da pandemia.