Um lote com 2,3 milhões de medicamentos para intubação de pacientes graves com Covid-19 chega ao Brasil na noite desta quinta-feira (15), afirmou o Ministério de Saúde, em coletiva de imprensa realizada hoje.
Os remédios foram doados por um grupo de seis empresas ao Ministério da Saúde. A pasta informou que os medicamentos chegam por volta das 22h30 ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A expectativa é de, que em menos de 48 horas, todos os produtos sejam entregues aos estados, nos centros de logística.
Desde o mês passado, os relatos sobre escassez do kit intubação se tornaram cada vez mais comuns no país. Sobre o Ministério da Saúde se antecipar e comprar esses medicamentos para que não faltassem no Sistema Único de Saúde, o ministro Marcelo Queiroga afirmou que "os estados também precisam procurar esses medicamentos, sobretudo os grandes estados". "Não é só empurrar isso para as costas do Ministério da Saúde, é uma atuação tripartite, se instituições privadas buscam importações e trazem esses insumos para cá, por que grandes estados não fazem isso?", questionou.
Kit intubação
O kit intubação é formado por medicamentos como anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares, fundamentais para intubar pacientes em casos graves de Covid-19.
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Em março deste ano, o Ministério da Saúde centralizou as compras dos medicamentos do kit intubação. Ou seja, a produção dos laboratórios farmacêuticos que fabricam esses anestésicos foi encaminhada ao governo federal, que ficou responsável por realizar a distribuição aos Estados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Questionado pela imprensa, o Ministério da Saúde não respondeu qual o total de pacientes que podem ser atendidos com as 2,3 milhões de medicamentos. O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, afirmou que há diferenças entre os protocolos de uso entre hospitais.
Angotti estimou que o tempo de cobertura seja de 15 dias para o medicamento propofol e de 10 dias para os medicamentos cisatracúrio, midazolam e fentanil.
Doria diz que enviou nove ofícios ao governo federal
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que a gestão enviou nove ofícios sobre o risco
de desabastecimento dos medicamentos no estado.
"Em face desse cenário, é imprescindível o envio de medicamentos para o Estado de São Paulo em até 24 horas, minimamente para suprir o abastecimento de 643 hospitais para os próximos dias", diz trecho do documento enviado ao governo Jair Bolsonaro.
Doria classificou a "centralização" da pasta como um "confisco". "Não podem vender para municípios, governos estaduais nem instituições privadas. Ora, se houve esse sequestro, confisco, cabe ao ministério, sim, a responsabilidade de distribuir insumos a todos os Estados e municípios", disse.
Em resposta, o ministro Marcelo Queiroga justificou que a responsabilidade é conjunta. "Os medicamentos já foram encaminhados, inclusive atendendo ao governo de São Paulo e aos demais governos, em uma atribuição que os próprios governadores poderiam buscar esses medicamentos, seja no mercado internacional ou nacional, eles têm elementos para fazer isso e podem se associar ao Ministério da Saúde. Não adianta só ficar enviando ofícios para o Ministério da Saúde, temos que trabalhar juntos".