O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, cobrou mais responsabilidade dos estados na aquisição de medicamentos do kit intubação para tratar pacientes graves da Covid-19.
"É uma atribuição que os próprios governadores poderiam buscar esses medicamentos, seja no mercado internacional ou nacional, eles têm elementos para fazer isso e podem se associar ao Ministério da Saúde. Não adianta só ficar enviando ofícios para o Ministério da Saúde, temos que trabalhar juntos. Vamos deixar isso bem claro, é uma atuação tripartite. Se instituições privadas buscam importações e trazem esses insumos pra cá, por que grandes estados não fazem isso?", questionou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante a coletiva de imprensa da pasta, nesta quinta-feira (15).
Ontem, o governo estadual de São Paulo cobrou publicamente o ministério pela falta dos medicamentos e a situação crítica de hospitais paulistas. Hoje, o governador João Doria (PSDB) postou em suas redes sociais os nove ofícios enviados ao Ministério da Saúde cobrando os remédios.
O ministro da Saúde destacou que a obrigação da União é o auxílio a municípios menores, com menos poderio econômico para buscarem a compra dos medicamentos. Sobre a crítica do governador João Doria, Queiroga voltou a cobrar união entre as esferas. "Não é hora de ficar um atirando no outro, é hora de trabalhar em prol da sociedade brasileira. Vamos deixar o Twitter de lado e vamos responder à sociedade brasileira com políticas públicas. O Ministério da Saúde tem trabalhado, mesmo não sendo essa obrigação precípua [principal] dele", afirmou.
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Segundo informações do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems /SP), divulgadas nesta quinta (15), 60% das unidades de saúde do estado paulista estão com estoques zerados dos medicamentos que fazem do kit intubação.
Representantes do ministério concederam entrevista coletiva nesta tarde para anunciar a chegada da doação de 2,3 milhões de medicamentos feita por empresas lideradas pela Vale.
Situação crítica
Um levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgado, nesta quinta-feira, caracteriza novamente como crítica a situação dos estoques de anestésicos e kit intubação nas unidades de saúde. Dados coletados em 71 instituições mostram que cerca de 30% dos hospitais têm estoque desses insumos para apenas cinco dias ou menos.
De acordo com a Anahp, os hospitais tentaram fazer a importação da Índia, único país capaz de ofertar a demanda necessária para o mercado brasileiro. Porém, por questões regulatórias, que estão sendo tratadas em reuniões junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o processo ainda não pode ser concretizado.