A Suécia doou 1 milhão de doses da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca para o programa global Covax, que busca garantir suprimentos para os países mais pobres. O diretor-geral da Organizacão Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu que outros países reproduzam o "gesto excelente".
A Covax precisa "urgentemente" de 20 milhões de doses neste trimestre para cobrir interrupções no fornecimento, especialmente para a África, disse ele.
A Moderna também anunciou que fornecerá 34 milhões de doses de seu imunizante ao programa global este ano, remessa que deve começar a ser distribuída apenas no quarto trimestre. O contrato de compra antecipada firmado com a empresa é de até 500 milhões de doses, mas a maior parte — 466 milhões — só estará disponível em 2022.
A doação sueca é a segunda de um membro da União Europeia, depois da França, no mês passado, em meio a crescentes preocupações sobre a desigualdade na distribuição de vacinas depois que países ricos acumularam estoques de doses para seus cidadãos.
A OMS pediu repetidamente aos países mais ricos que compartilhem as doses em excesso para ajudar a inocular profissionais de saúde em países de baixa renda e domar a pandemia que matou mais de 3,3 milhões de pessoas.
A Suécia interrompeu o uso da vacina da AstraZeneca em março, após relatos de casos raros de coágulos sanguíneos entre as pessoas que haviam recebido a vacina. Posteriormente, retomou o uso do imunizante, mas apenas para pessoas com 65 anos ou mais.
— Estas são as doses de que não precisamos. Vamos receber grandes entregas (de outras vacinas) no futuro — disse Per Olsson Fridh, ministro sueco da cooperação internacional para o desenvolvimento, ao noticiário nacional TT, nesta segunda-feira.
— Considerando que a Suécia chegou tão longe em dar a vacina da AstraZeneca a pessoas com mais de 65 anos, parece seguro doar essas doses. É importante que não fiquemos segurando essas doses quando o mundo inteiro precisa de vacinas — acrescentou Fridh.
A doação da Suécia visa ajudar a resolver atrasos no fornecimento de curto prazo, garantindo que alguns países possam administrar uma segunda dose a grupos de alto risco, informou a aliança de vacinas Gavi, que administra o programa Covax com a OMS.
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Acordo com a Moderna
O acordo com a Moderna expande a carteira de imunizantes da Covax para oito e contém opções para potencialmente acessar doses de vacinas adaptadas a variantes no futuro, segundo a Gavi.
O acordo ocorre após a aprovação da vacina da farmacêutica norte-americana para uso de emergência pela OMS na sexta-feira, um pré-requisito para elegibilidade para o programa.
A Moderna informou em um comunicado que as doses seriam oferecidas em seu "preço mais baixo", sem revelar mais detalhes.
A Covax foi atingida por problemas de fornecimento de vacinas contra a Covid-19, principalmente da desenvolvida pela Universidade de Oxford com a AstraZeneca, feita na Índia, onde as autoridades restringiram as exportações por causa do rápido avanço da doença no país.
Desde o final de fevereiro, o programa enviou 49 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 para 121 países e economias, principalmente da vacina da AstraZeneca.
O CEO da Gavi, Seth Berkley, disse no mês passado que a Covax pretendia entregar um terço de um bilhão de doses até o meio do ano.
A Covax espera ter 2 bilhões de doses disponíveis até o final de 2021, das quais metade irá para 92 países de baixa renda.