O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou mais uma vez que a intenção da prefeitura é iniciar, em setembro, a aplicação da dose de reforço contra a Covid-19 para idosos que já tenham completado o esquema vacinal — com as duas doses.
O município, no entanto, ainda depende da avaliação de seu próprio comitê científico de enfrentamento à Covid-19 (CEEC), com reunião prevista para a próxima segunda-feira, e do Ministério da Saúde, responsável pelo repasse dos imunizantes em todo o país e que está avaliando a mudança. Segundo o secretário, os idosos que vivem em instituições de longa permanência devem ser os primeiros a receberem a terceira dose.
Alerta:
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"Na semana que vem a gente discute no comitê científico o planejamento da terceira dose. Cada vez a gente tá mais seguro olhando os outros países, as evidências científicas de que é necessário sim fazer uma dose de reforço, ou como se fala uma terceira dose, para os idosos que têm mais de 60 anos e que já se vacinaram a seis meses atrás. Esse é o pleito da secretaria municipal para o Ministério da Saúde, e a gente vai ter essa aprovação e discutir isso no nosso comitê científico na próxima segunda-feira", disse Soranz em entrevista ao "RJTV", da TV Globo, neste sábado.
Pico de casos:
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Durante a divulgação do boletim epidemiológico do Rio, na manhã de ontem, o prefeito Eduardo Paes também salientou a posição da prefeitura em defesa da dose de reforço para os idosos. Um dos motivos de preocupação é o avanço da variante Delta, já presente em mais da metade das amostras analisadas.
"Aproveito a oportunidade para deixar aqui bem clara a posição da prefeitura, que espero seja ratificada pelo comitê científico na segunda-feira. Com esses números de casos todos, para que eles não se agravem, a gente deve priorizar a dose de reforço das pessoas mais velhas. Elas foram imunizadas há mais tempo, e a gente tem visto experiências em vários países do mundo onde, quando começou a variante Delta, decidiu-se priorizar o reforço da terceira dose nas pessoas mais velhas. Quero deixar bem clara a posição da prefeitura. Nós preferimos dar a terceira dose dos mais velhos a antecipar a segunda dose dos mais jovens. Entendemos que, nesse momento, com o aumento de casos e com a variante Delta, é mais importante proteger as pessoas mais vulneráveis à doença", disse Paes durante a divulgação do boletim.
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Hoje, o estado fluminense vê o crescimento no número de óbitos entre idosos com esquema vacinal completo. O aumento consta no gráfico divulgado pela Secretaria estadual de Saúde com base em dados do sistema da Subsecretaria de Vigilância em Saúde. A partir da 22ª semana epidemiológica (30/05/21 a 05/06/2021), a quantidade de mortes de quem já tomou as duas doses da vacina fica maior do que o número de pessoas com apenas a primeira dose.
Embora as últimas duas semanas epidemiológicas (29ª e 30ª, de 18 a 31 de julho) do gráfico mostrem uma leve diminuição no número de mortes, o secretário estadual de Saúde do Rio, Alexandre Chieppe, ressalta que as projeções são uma tendência:
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— É uma tendência, um sinal de alerta. O óbito em pessoas vacinadas cai com uma dose e depois os óbitos em pessoas com duas doses têm um aumento discreto recente. A gente chega a duas conclusões: o fator de risco para adoecimento é a idade e o fato de ter duas doses nas últimas projeções já mostra um enfraquecimento da proteção.
Atraso nas entregas
A cidade do Rio tem enfrentado atrasos em seu calendário devido à demora no repasse de doses de imunizantes por parte do Ministério da Saúde. A mudança mais recente foi neste sábado. Apesar de anteriormente prevista a repescagem para as pessoas com idade entre 20 e 29 anos, o grupo teve que ficar de fora sem a chegada da nova remessa.
O secretário Daniel Soranz afirmou que é possível ter a dose do reforço para os idosos, uma vez que há previsão de entrega dos laboratórios responsáveis pelos imunizantes para o ministério para o próximo mês. Como o GLOBO mostrou na semana passada, lotes do imunizante da Janssen ficaram até 40 dias armazenados antes de chegarem ao destino final.
— A decisão dessa terceira dose não é para essa próxima semana. Ela prevê a utilização das doses que estão já contratadas pelo contrato da Pfizer, do Instituto Butantan e também da Fiocruz pro mês de setembro. Então é possível, cabe no calendário, cabe na programação de doses do Ministério da Saúde para que ela possa começar a ser aplicada logo na próxima semana ou no início de setembro com os idosos em instituições de longa permanência, que foram os primeiros a se vacinarem e posteriormente idosos acima de 80, de 70 e de 60 anos — disse Soranz ao "RJTV".
Ao mesmo tempo, a busca pelos atrasados tem sido motivo de preocupação. De acordo com dados da Prefeitura do Rio, nos últimos 30 dias, 286 idosos que já poderiam ter sido vacinados foram internados por Covid-19 na cidade. A informação foi dada por Soranz durante a divulgação do boletim epidemiológico do município. Uma alta de internações entre pessoas da terceira idade em todo o estado, detectada pela Fiocruz em estimativas semanais, acontece na esteira de um recente aumento no número de casos, tendo como possível causa a circulação da variante Delta, mais transmissível.