Os filmes e séries já eram considerados grandes aliados para ajudar no relaxamento e na distração no dia a dia. Esse papel se intensificou ainda mais depois do início da pandemia do novo coronavírus . Sem conseguir sair de casa, a maioria das pessoas viu nos streamings um apoio contra o tédio e para manter a saúde mental estabilizada.
Já que grande parte da população está isolada e não pode sair de casa, é preciso escolher bem quais conteúdos serão consumidos, já que o distanciamento social aumentou os níveis de estresse
, solidão, angústia e tristeza; além do medo constante.
Essa orientação é redobrada principalmente para pessoas que possuem transtornos como depressão, ansiedade generalizada e transtornos de bipolaridade.
Nessas condições mais frágeis, dar play no conteúdo errado pode acentuar esses sentimentos, desenvolvendo síndrome do pânico, depressão e levando o indivíduo até mesmo ao suicídio.
Segundo a psicóloga Marilene Kehdi, o melhor é não estimular essas emoções e “pegar o caminho contrário”. “Medos em níveis altos paralisa, adoece. Na hora de escolher o filme, é preciso espantar a tristeza e diminuir a angústia”, explica.
Busca de resposta
Quando a situação da pandemia do novo coronavírus começou a agravar, diversas pessoas no mundo todo revisitaram o longa ‘ Contágio ’ (2011). Lançado após a pandemia da Influenza A (H1N1), o filme retrata a história de um novo vírus, surgido na China, que é altamente letal se espalha rapidamente pelo mundo.
Muitos espectadores se assustaram com a similaridade dos fatos que o mundo vive atualmente, e começaram a especular que o filme previu o novo coronavírus .
Mesmo que considerado assustador por refletir o medo real da sociedade de 2020, Kehdi explica que a razão para que seja tão assistido é “a busca pela cura”.
“As pessoas buscam luz nesses conteúdos que refletem a atual realidade para buscar uma resposta, para entender como o personagens saíram daquela situação e entender se aquilo é replicável no mundo real”, explica a psicóloga.
“Estamos todos esperando por uma vacina, uma medicação que trate a doença. Se aparece um filme, um livro ou um série que aborde um conteúdo semelhante, muitas pessoas vão querer saber o desfecho”, acrescenta.
Está tudo bem se ficar triste (mas não o tempo todo)
Mesmo lançado em outubro de 2019, “ Milagre da Cela 7
” ganhou notoriedade quando ficou disponível em um serviço de streaming - e chamou a atenção por seu alto potencial de fazer chorar.
Segundo Kehdi, algumas pessoas podem precisar experimentar um sentimento de catarse. É saudável assistir filmes para motivar o choro, mas é preciso saber até quando isso é válido, já que pode trazer danos à saúde mental .
“Dependendo do conteúdo o filme vai impactar demais, mas de forma negativa, acentuando os sintomas de pessoas que já estão sofrendo”, justifica. “Algumas pessoas não dão conta e podem precisar de ajuda médica”, continua.
Gatilhos
Kehdi afirma que é sempre bom priorizar conteúdos que cultivem sentimentos contrários aos ruins. “Despertar boas emoções: é isso que as pessoas têm que fazer neste momento para não alimentar a situação”, diz. Talvez o momento peça mais pelo filme confortável, com trama simple e que te faça rir.
Mais que isso, uma prática que pessoas fragilizadas podem adotar é pesquisar como aquele filme está sendo recebido (evitando os spoilers, é claro). Ler a sinopse também ajuda.
“Reflita se aquilo vai beneficiar ou não a sua saúde mental. Se a pessoa entender que está fragilizada e que aquele conteúdo vai proporcionar gatilhos emocionais , é melhor buscar outras alternativas”, diz a psicóloga.
Se você se identifica com esses sentimentos ou conhece alguém que pode precisar de apoio emocional, procure o Centro de Valorização a Vida (CVV), acessando o site
ou ligando 188, ou busque um profissional de saúde.