A pandemia da Covid-19 , doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), dentro dos presídios no estado de São Paulo é mais fatal para os funcionários penitenciários do que as presos, mostram dados da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) divulgados na última quinta-feira (27). De acordo com as estatísticas, a taxa de mortalidade é sete vezes maior entre os profissionais.
Os números mostram que, desde o início da pandemia, 27 agentes penitenciários morreram contaminados pelo novo coronavírus. Nesse período, 1.341 profissionais tiveram resultado positivo, seja por meio da realização de testes rápidos, que checa a presença de anticorpos, ou por testes RT-PCR, que confirmam se a pessoa está com o vírus no organismo.
Proporcionalmente, ocorre uma morte a cada 49 testes positivos, com uma taxa de mortalidade que fica em 0,77 a cada mil pessoas.
Quanto aos presos, o estado de São Paulo registrou 24 mortes causadas pela pandemia, ainda de acordo com os dados divulgados oficialmente pela SAP, sendo que as contaminações confirmadas foram 4.703 pessoas com uma morte a cada 196 testes positivos de Covid-19. A taxa de mortalidade pelo novo coronavírus a cada mil presos, no entanto, é de 0,1.
O estado de São Paulo é o que possui a maior população carcerária do Brasil, com 231.287 presos.
Em março, o Ministério Público de São Paulo recomendou à SAP a suspensão ou limitação das transferências. Na terça-feira (25), a Justiça de São Paulo determinou que o governo de João Doria (PSDB) adote medidas para evitar a contaminação por Covid-19 nos presídios. O prazo é de dez dias.
Entre as ações estão fornecimento de água 24 horas por dia, estoque de remédios e garantia de acesso à alimentação, além de campanhas sobre como se prevenir.
Familiares denunciam as condições insalubres das cadeias desde março, quando a Justiça proibiu visitas aos presos. As reclamações envolvem racionamento de água, comida de má qualidade e falta de remédios.