Uma variante novo coronavírus (Sars-CoV-2) identificada no Brasil apresenta alterações que permitem a diminuição da eficácia das vacinas desenvolvidas até agora. Apesar dessa queda, a mutação, que foi identificada na África do Sul e é diferente da registrada no Reino Unido, não foi suficiente para que os imunizantes se tornassem totalmente ineficazes.
Um estudo que foi publicado na terça-feira (5) sobre essa variante, ainda em formato de pré-impressão, mostra que, em algumas pessoas, o novo coronavírus conseguia escapar dos anticorpos neutralizantes até dez vezes mais do que o normal.
Isso porque todas as vacinas desenvolvidas ao longo de 2020 têm como alvo a chamada proteína spike, estrutura usada pelo vírus para entrar nas células que ataca. Os imunizantes "treinam" os anticorpos para atacar uma determinada região desta proteína, impedindo a invasão do organismo.
As mutações na proteína spike, no entanto, podem ajudar o vírus a "enganar" as duas principais linhas de ação do sistema imunológico. Elas são os anticorpos, que impedem a invasão das células saudáveis, e as células T, que tentam destruir o vírus.
Até agora, uma mutação deste tipo não tinha sido observada. A variante detectada originalmente no Reino Unido que já está presente em várias outras partes do planeta se revelou mais contagiosa.
Isso não quer dizer que as vacinas não vão funcionar. A resposta do sistema imunológico humano à invasão de um vírus seguirá tendo outras estratégias. A mutação pode atrapalhar o trabalho dos anticorpos na parte da proteína spike, mas não afeta anticorpos treinados para olhar para outras partes do vírus.