A Secretaria de Saúde de Pindamonhangaba, a 156 quilômetros da capital paulista, informou à reportagem do GLOBO que o primeiro paciente local da variante Delta havia recebido uma dose da vacina do laboratório AstraZeneca antes de testar positivo para Covid-19.
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O homem de 44 anos trabalha como guarda municipal na cidade de Aparecida — a 29 quilômetros de Pindamonhangaba — e está plenamente recuperado. Ele recebeu a dose inicial em 8 de abril, por conta de sua atividade profissional.
Quando saiu o diagnóstico positivo para a Covid-19, no dia 5 de julho, o homem ainda não tinha tomado a segunda dose e deverá receber o esquema completo de vacinação somente em agosto, por conta da infecção, diz a secretaria de saúde local.
O guarda mora em Pindamonhangaba com a mulher e a filha, que não realizaram testes para Covid-19 por não apresentarem indícios da infecção. A prefeitura informou que assim que o homem apresentou sintomas característicos da doença, abrigou-se, em isolamento, separado da família.
"Ele apresentou sintomas de Covid-19 no dia 28 de junho (febre, tosse, dor muscular, vômito, falta de ar, diarreia, perda de olfato e paladar)", diz a nota da secretaria de Saúde. No dia 30, ele procurou atendimento médico local, mas não foi necessária internação.
Ele não viajou nem esteve com pessoas que viajaram recentemente.
"Falamos para a população que a vacina não vai impedir o contágio por Covid-19, mas ela tem a capacidade de minimizar o impacto dos sintomas. Mesmo nesse caso, consideramos que a vacina fez a parte dela", diz o diretor de vigilância epidemiológica da cidade, André Pereira.
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Os outros dois casos da variante Delta identificados no estado de São Paulo, na capital paulista e na cidade de Guaratinguetá, porém, ocorreram em pessoas que não receberam nenhuma dose de imunizante contra a Covid-19, informaram as prefeituras locais.
Efetividade das vacinas
Há ainda dúvidas em relação à performance das vacinas frente à variante Delta, identificada inicialmente na Índia. Resultados iniciais, contudo, apontam para boa efetividade, mesmo que reduzida.
Exemplo disso é um estudo liderado pelo Instituto Pasteur (França), que concluiu que as vacinas da Pfizer e AstraZeneca são capazes de neutralizar o vírus após a segunda dose.
O trabalho, publicado na revista Nature, no começo do mês, analisou o soro sanguíneo de 162 pessoas vacinadas. Diante da Delta, os anticorpos daqueles com esquema vacinal completo tiveram efetividade de 95%. Só com uma dose, a resposta foi de 10%.
Quanto à CoronaVac, estudos iniciais na China também apontam para a efetividade, afirmou anteriormente ao GLOBO, Dimas Covas, diretor do Butantan.
Outro ponto importante a ser considerado é que embora as vacinas não previnam totalmente de infectar-se com o vírus, sua ação efetiva age reduzindo drasticamente as chances de desenvolvimento de quadros graves ou letais da Covid-19.