Vacina de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Vacina de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca


Um novo estudo feito com dados de moradores do estado de São Paulo, com idade superior a 60 anos, vacinados com o imunizante Oxford/AstraZeneca, aponta para uma alta proteção contra Covid-19 após duas doses de aplicação. Os números foram analisados em um momento de alta circulação da variante Gama, a P.1, registrada inicialmente em Manaus.

A taxa de efetividade — que é o quanto a vacina funciona no mundo real, fora de estudos clínicos — 14 dias após a segunda dose é de 77,9% para casos sintomáticos, 87,6% para hospitalizações e 93,6% para mortes.

Tratam-se de taxas muito superiores ao observado quando se leva em conta o período de 28 dias após a primeira dose. Nesse sistema, a eficiência para casos sintomáticos é de 33,4%, para hospitalizações é de 55,1% e para mortes 61,8%. Ou seja, a aplicação da duas etapas eleva a potência de proteção do imunizante em mais de 30 pontos percentuais, quando considera-se os óbitos.

A análise, preliminar, ainda sem revisão por pares independentes, analisou os dados de 61.164 paulistas e a performance da vacina no período entre 17 de janeiro e 2 de julho. O trabalho foi desenvolvido pelo grupo Vebra Covid-19, com pesquisadores de instituições nacionais e internacionais.

"O estudo mostra que é necessário o esquema vacinal completo para chegarmos a quase 94% de proteção para mortes na população idosa. É uma proteção maravilhosa", diz o pesquisador Julio Croda, da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

O estudo de efetividade é realizado por meio do cruzamento de diversos bancos de dados. Há, entre eles, os que guardam resultados de testes RT-PCR — moleculares mais confiáveis para a Covid-19 — e o cadastro de vacinados no território paulista. O modelo é baseado em orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para estudos do tipo, que buscam compreender o impacto da vacina no mundo real.

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CoronaVac

O mesmo grupo também apresentou novos dados para uma pesquisa que avaliou o uso da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, diante da alta prevalência da variante de Manaus. O estudo, que levou em conta pessoas acima de 70 anos, em São Paulo, mostra que a efetividade encontrada da vacina 14 dias após a aplicação de duas doses em 41,6% para casos sintomáticos, de 59% para hospitalizações e 71,4% para mortes. Não há indicativos de proteção com apenas uma dose.

Quando avalia-se a população entre 70 a 74 anos os resultados são ainda mais positivos. A proteção de casos sintomáticos é de 61,8%, em hospitalizações 80,1% e 86% para óbitos.

Contudo, quando a análise é fatiada para quem tem 80 anos ou mais, há uma importante queda na robustez da proteção: a efetividade em casos sintomáticos é de 28%, de hospitalizações 43,4% e de mortes 49,9%.

"A mensagem é que a vacina segue funcionando. Prevenir 50% de hospitalização e morte é o que a vacina da gripe faz para essa mesma faixa etária. Existe uma queda, mas ela ainda mantém alguma efetividade. É razoável, mas que, lógico, ao pensarmos em revacinação podemos olhar para esse grupo", diz Croda.

O pesquisador acredita ser importante observar que a vacinação com a CoronaVac para pessoas com idade inferior a 79 anos mostrou bons resultados e que a tendência é que a vacina seja ainda mais efetiva entre os mais jovens.

Os achados do estudo ressoam diretamente no número de 642 mil paulistas com segunda dose da vacina atrasada, de acordo com dados da própria secretaria de Saúde.

"Faço a solicitação que todos olhem sua carteira vacinal e, independente da vacina, refaçam seu esquema vacinal", afirmou na quarta-feira, Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI), de São Paulo.

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