SP diz que vacinação de adolescentes está sem data por atraso do governo federal
André Biernath - Da BBC News Brasil em São Paulo
SP diz que vacinação de adolescentes está sem data por atraso do governo federal

O governo de São Paulo anunciou, nesta quinta-feira (5), durante coletiva de imprensa, que o início da vacinação para adolescentes - que estava prevista para começar no dia 18 de agosto - está em aberto e não pode ser confirmada. A decisão veio após o envio incompleto de doses da Pfizer ao estado por parte do Ministério da Saúde. 

"O início da vacinação de adolescentes do estado está, neste momento, com sua data de início em aberto. Isso se deu por conta da redução no envio proporcional de vacinas da Pfizer para o estado de São Paulo", afirmou Eduardo Ribeiro, secretário executivo da Secretaria Estadual de Saúde. 

E completou: "Caso este fato se repita, a vacinação do grupo de adolescentes do estado de SP estará definitivamente prejudicada no que se refere à sua data até aqui programada. O Plano Estadual de Imunização definiu o início da vacinação dos adolescentes com comorbidades, deficiêntes, gestantes e puérperas, para o dia 18 de agosto, mas essa data está em aberto até que o Ministério da Saúde regularize essa situação e garanta o envio de doses na proporcionalide que vinha sendo praticada", disse.

O secretário ainda ressaltou que, segundo as regras de proporcionalide que o próprio Ministério da Saúde segue, São Paulo recebeu metade do que deveria, algo que ainda não havia acontecido.

"O estado de SP tem 22% da população total do Brasil. Até ontem, sempre mais de 20% da quantidade de vacinas encaminhadas ao país vinha para SP. Nós fomos surpreendidos (ontem) com o envio de 10%", afirmou Eduardo Ribeiro.

"Nós enfrentamos um momento de abrupta modificação que impacta de forma cruel na vacinação daqueles que são vulneráveis e que precisariam ter sido vacinados e foram já deixados pelo programa nacional de imunização lá pra trás e, com isso, serão mais ainda retardados na suas ações de proteção", lamentou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.

Entenda 

Nesta quarta-feira (4), durante coletiva semanal para atualizar os dados da saúde, o governo estadual afirmou que recebeu apenas 50% do quantitivo esperado e acordado com o Ministério da Saúde. 

Segundo o governador João Doria (PSDB), o estado recebeu 228 mil doses a menos da Pfizer que o previsto. "Aquilo que deveria ter sido entregue, não foi. O número representa 50% a menos do que o governo do estado de São Paulo tem o direito, regularmente, de receber dentro do PNI (Programa Nacional de Imunização)".

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São Paulo recebe, em média, 22% do quantitativo das vacinas destinada ao Brasil, quantidade proporcional à população do estado. Doria considerou que a atitude da pasta foi arbitrária e que representa a quebra do pacto federativo.

"Com menos vacinas, vacinas da Pfizer, o Ministério da Saúde compromete o calendário de vacinação de crianças e adolescentes no estado de São Paulo, previsto para começar no dia 18 de agosto", afirmou Doria, durante a coletiva de quarta-feira (4).

Por conta do envio pela metade das doses da Pfizer, o governo de São Paulo enviou um ofício, ainda na quarta, para cobrar um posicionamento do Ministério da Saúde e o envio das doses faltantes. 

Resposta do Ministério da Saúde 

Ainda na quarta, após a repercussão da falta de doses enviadas à SP, o Ministério da Saúde convocou uma coletiva para explicar o assunto e dar seu ponto de vista. Em pronunciamento, a pasta disse que isso aconteceu para diminuir a disparidade na vacinação entre os estados do Brasil.

"Observamos que, com o passar dos meses de imunização, alguns estados acabaram recebendo doses, quer seja por demanda judicial, quer seja para imunizar fronteira, quer seja por alguma situação específica que fez sentido, lá atrás, por conta da situação pandêmica. Mas, agora, o que se pactuou é que vai se avançar de forma equitativa para imunizar toda a população", disse o secretário executivo da pasta, Rodrigo Cruz.

Rosana Leite complementou dizendo que o que o Ministério busca é equidade. "Todas as unidades da federação devem ter uma equidade nesta vacinação. Não é justo determinado município estar vacinando com uma disparidade muito grande de faixas etárias", explicou.

Ainda de acordo o Ministério da Saúde, o estado de São Paulo já havia pegado doses a mais do que deveria e, portanto, a compensação foi feita para equilibrar as entregas entre todos os estados.

Segundo o ministério, o governo de São Paulo teria direito a 620 mil doses de CoronaVac, mas retirou 678 mil doses no fim de julho. Já no início de agosto, deveria receber 178,6 mil doses da vacina produzida pelo Butantan, mas pegou 271 mil. Com isso, o governo federal afirmou que foi preciso compensar a diferença no envio de doses da vacina da Pfizer.

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