A Prefeitura do Rio iniciará a aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19 em idosos em setembro. Com a decisão, informada ao GLOBO pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, o município acata uma recomendação que o comitê científico de enfrentamento à Covid-19 (CEEC) fez na manhã desta segunda-feira, em reunião extraordinária.
A ideia da prefeitura é realizar a distribuição do novo reforço de maneira escalonada a todas as pessoas com 60 anos ou mais, num processo que deve se iniciar pelos asilos e casas de repouso e está previsto para durar até novembro. A terceira dose será da vacina da Pfizer
ou da AstraZeneca, independentemente do imunizante aplicado nas duas primeiras etapas no mesmo esquema de reforço que será testado nos idosos de Paquetá ainda no fim deste mês, como o GLOBO revelou.
"Daremos preferência a instituições de longa permanência, onde os idosos estão mais expostos. Foram projetados dados sobre a eficiência da vacina e elas protegem, oferecem alto grau de proteção. Mas, para idosos, fica a recomendação para fazer uma dose de reforço, como outros países estão fazendo", disse o secretário. "A distribuição da terceira dose começa em setembro, mas ela deve ser feita de forma escalonada, conforme a chegada de vacinas, até novembro".
Segundo Soranz, o comitê também sugeriu à prefeitura enviar um ofício ao Ministério da Saúde
para que a pasta possa se planejar quanto à entrega das doses de reforço. A possibilidade de a prefeitura encomendar vacinas diretamente com os institutos produtores para garantir a execução da proposta não está descartada, mas antes a Secretaria municipal de Saúde vai conversar com o governo federal para saber se a medida será mesmo necessária.
A secretaria não especificou os detalhes desse escalonamento, mas adiantou que ela se baseia nos cronogramas de entregas de doses dos fabricantes ao Ministério da Saúde. A reunião desta segunda-feira contou com a presença do superintendente do ministério no Rio de Janeiro, Marcelo Lamberti, que, segundo Soranz, assentiu para a necessidade do novo reforço da vacina em idosos, conforme posicionamento já emitido pelo governo federal anteriormente.
Compra de vacinas
A Prefeitura do Rio vai aguardar as próximas duas semanas para saber qual será o posicionamento do Ministério da Saúde em relação à entrega de novas doses para a capital fluminense. Nesse período termina o contrato de exclusividade entre o Instituto Butantan e o Governo Federal para as aquisições dos imunizantes da CoronaVac. A capital não descarta comprar o imunizante diretamente com o instituto paulista caso o ministério continue atrasando a entrega das doses. O secretário municipal de Saúde, o médico Daniel Soranz, afirmou que a hipótese não está descartada.
"A Prefeitura do Rio sempre teve uma posição muito firme (de) que o Ministério da Saúde deve fortalecer o Programa Nacional de Imunização (PNI) e ele deve comprar e centralizar essas doses. Mas a nossa expectativa é que eles façam a compra e o aporte necessário para que os municípios não precisem negociar diretamente. Mas se eles não realizaram as comprar no momento oportuno, e a gente sentir qualquer tipo de dificuldade nesse processo, o município será obrigado a negociar diretamente (com os responsáveis pela CoronaVac). Nesse momento, o prefeito Eduardo Paes e toda nossa equipe recomenda que o ministério fortaleça o PNI e que eles façam a compra diretamente", destacou o médico, antes da reunião com o comitê, que segue:
"Essa é uma discussão para a próxima semana e não tem nada definido ainda. Mas nas próximas duas semanas teremos uma decisão do ministério e teremos um posicionamento de como ficará essa compra".
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O município teve que alterar o calendário de vacinação mais uma vez. Nesta segunda-feira, são vacinados apenas adolescentes com deficiência, a partir de 12 anos, e repescagem de adultos. Antes, o cronograma previa o início do atendimento para os jovens em geral. No entanto, o número de doses recebido no último sábado não foi o suficiente para atender a esse grupo.
O município também tem discutido sobre a redução do intervalo para a segunda dose para quem for vacinado com a Pfizer. A SMS quer que o tempo entre as aplicações seja de oito semana e não de 12 como é atualmente.
"(Para isso acontecer) Dependemos do quantitativo da dose do Ministério da Saúde. Estamos solicitando ao menos o percentual de vacina correspondente ao percentual da nossa população. E é muito importante para tomar qualquer decisão de encurtamento de segunda dose. Tem que ter vacina para isso. Inicialmente, a discussão é diminuir a aplicação da segunda dose da Pfizer de 12 semanas para oito semanas a partir de setembro. Se tiver aporte de doses, e se tiver a garantia do Ministério da Saúde, faremos isso".
Previsão de chegada de novas doses
Segundo a Secretaria municipal de Saúde, a previsão do Ministério é enviar mais doses nesta terça-feira. A remessa entregue na noite do último sábado à Secretaria estadual de Saúde (SES) foi retirada no mesmo dia pela Prefeitura do Rio e repassadas para os 290 pontos de vacinação na cidade nesse domingo. Essas doses são aplicadas nesta segunda-feira.
A SES continua a distribuir, na manhã desta segunda, uma remessa de 330.810 doses de vacinas contra a Covid-19. São 12,5 mil doses de Oxford AstraZeneca para a segunda dose, 151 mil de CoronaVac e 167.310 de Pfizer para primeira e segunda etapas. As caixas serão levadas às regiões Norte e Noroeste do estado de helicóptero.
Segundo o Ministério da Saúde, essa foi a quarta remessa de imunizantes feita na semana passada, o que soma mais de 1,5 milhão de doses entregues.