O Instituto Butantan vai usar voluntários da cidade de Guaxupé, em Minas Gerais, para fazer os testes clínicos com a vacina ButanVac, desenvolvida nacionalmente pelo instituto. O anúncio da parceria com a cidade mineira foi feito na tarde desta quarta-feira (25), durante coletiva de imprensa do governo de São Paulo.
"O Instituto Butantan firmou parceria com a prefeitura de Guaxupé para que moradores da cidade mineira façam parte dos 5 mil e 400 voluntários para a testagem da vacina Butanvac, iniciada no dia 9 de julho”, disse o governador do estado, João Doria (PSDB).
A cidade vai receber visitas a partir desta sexta-feira (27) para que o Butantan possa avaliar a incidência do vírus e a variante dominante no município para a sequência dos estudos. Guaxupé está vacinando adultos com mais de 28 anos, por isso, os estudos atingirão pessoas não vacinadas de 18 a 28 anos.
Os ensaios clínicos da vacina serão divididos em duas fases compostas pelas etapas A, B e C. A etapa A conta com um total de 418 voluntários selecionados nas cidades de Ribeirão Preto e, a partir de agora, também Guaxupé. O objetivo é avaliar a segurança e a dose ideal de imunizante. Nela, o grupo controle vai receber a Butanvac ou a vacina de comparação, a Coronavac, e não haverá placebo envolvido.
Já as etapas B e C irão avaliar a resposta imune e envolverão mais de 5 mil voluntários. A partir daí será feita a comparação entre o desempenho da nova vacina do Butantan contra a Covid-19 e outros imunizantes. Além da eficácia geral da Butanvac, os ensaios vão avaliar seu desempenho diante das novas variantes do Sars-CoV-2.
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Nos ensaios clínicos tradicionais, é feito um paralelo entre o grupo vacinado e um grupo controle. Mas, como os marcadores imunológicos e parâmetros de segurança já foram estabelecidos pelas demais vacinas em uso, já se sabe o que esperar de uma vacina contra a Covid-19.
A previsão é de que os voluntários passem por um processo de triagem e a administração da primeira dose deva ocorrer até a primeira quinzena de setembro, enquanto a aplicação da segunda dose está prevista para acontecer até o meio de outubro.
Butanvac não vai depender de insumos internacionais
A Butanvac é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado da doença de Newcastle que contém a proteína Spike do Sars-CoV-2 estabilizada. Como este vírus infecta aves e é inofensivo em humanos, ele replica muito bem em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia da vacina contra a influenza (gripe).
A Butanvac é resultado de um consórcio internacional que envolve a organização PATH Center for Vaccine Innovation and Access, a Icahn School of Medicine no Mount Sinai em Nova York e a Universidade.