A Anvisa manteve seu parecer favorável para a vacinação de adolescentes no país. A agência reguladora aprovou a utilização do imunizante da Pfizer em jovens de 12 a 17 anos, e ontem, em uma decisão que pegou secretários de saúde e a própria Anvisa de surpresa, o Ministério da Saúde orientou a suspensão da aplicação para quem não tem comorbidades ou está privado da liberdade .
"O que nos avaliamos são dados disponíveis até o momento, ainda estamos fazendo as investigações do caso suspeito citado, então estamos fazendo avaliação de todos os casos que chegam de eventos adversos. Até o momento, com dados disponíveis, comparando com dados internacionais, com estudos, mantemos a a avaliação benefício-risco favorável a vacinação de adolescentes com a vacina Pfizer", disse Helaine Capucho, gerente de farmacovigilância da Anvisa, em entrevista à GloboNews.
O caso a que Helaine se refere foi citado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante coletiva ontem à tarde. Entre as justificativas para a paralisação da vacinação, o titular da pasta afirmou que um adolescente havia morrido após a aplicação. Segundo a Anvisa, ele tinha 16 anos, recebeu a dose da Pfizer, mas o caso ainda está sob investigação - ou seja, não há comprovação de relação entre a vacina e a morte.
"Os dados disponíveis não nos permitem afirmar ou descartar uma relação causal com a vacina. O que estamos fazendo de fato, hoje por exemplo, estavámos com a empresa. Vamos nos reunir com São Paulo, mas a rede de vigilância sanitária já está acionada, fazendo avaliação dos dados e reunindo informações sobre o caso específico para que possamos tomar qualquer decisão", explicou.
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Em uma mensagem para pais e mães que estão confusos sobre vacinar ou não seus filhos, Helaine garantiu que a orientação da Anvisa não mudou.
"O que podemos dizer para pais e mães é que até o momento não há mudança da Anvisa para retirada ou suspensão da vacinação em adolescentes. O posicionamento da Anvisa é que se mantém a indicação posta em bula, para vacinação de adolescentes", afirma.
Ela esclareceu que o Ministério da Saúde não tem, por obrigação, consultar a agência antes de tomar suas decisões. "O papel da Anvisa no sistema de saúde é fazer a avaliação dos produtos disponíveis para prestação de assistência. A política de saúde é prerrogativa do Ministério da Saúde", diz.
O ruído anti-vacina, crescente em meio à pandemia, preocupa. "A Anvisa tem feito campanhas e informativos, vídeos nas redes sociais, há pouco tempo falamos sobre não escolher a marca da vacina. Se está aprovada, é segura e eficaz. Temos feito diversas ações, incluindo uma campanha de farmacovigilância, explicando para a população que todo medicamento tem risco, mas que a gente não pode deixar de se vacinar quando chegar a nossa vez. A agência tem sido clara no seu posicionamento para levar informações claras sobre a segurança das vacinas no mercado", concluiu.