Quem pode tomar a dose de reforço da vacina contra a Covid-19
Eduardo Lopes/ Fotos Públicas
Quem pode tomar a dose de reforço da vacina contra a Covid-19

O Ministério da Saúde estabeleceu novas diretrizes para a aplicação da  dose de reforço da vacina contra a Covid-19, aumentando o público-alvo de quem pode recebê-la. Agora, toda a população a partir de 18 anos poderá tomar mais uma dose, independente de qual imunizante tenha recebido anteriormente.

O intervalo entre a segunda dose e a do reforço mudou: é de cinco meses, não mais de seis.

Até então, a dose de reforço se destinava exclusivamente a três grupos específicos: idosos a partir de 60 anos, imunossuprimidos — pessoas com baixa imunidade, isto é, com câncer ou HIV, por exemplo — e profissionais de saúde, considerados grupo de risco devido à alta exposição ao coronavírus.

A dose de reforço será, preferencialmente, aplicada com a Pfizer. O imunizante foi escolhido a partir de estudos que mostram maior resposta imune obtidas com vacinas que usam a tecnologia do RNA mensageiro — também é o caso da Moderna, que ainda não está disponível no Brasil — e também com o esquema heterólogo, isto é, com vacinas de diferentes laboratórios. Na falta dela, Janssen e AstraZeneca devem ser administradas.

Segundo a ministro Marcelo Queiroga, não haverá distinção por faixa etária. O que valerá, agora, é o prazo do intervalo, ou seja, qualquer pessoa que tenha tomado a segunda dose há cinco meses poderá se dirigir a uma sala de imunização.

O ministério iniciará uma campanha de megavacinação no próximo sábado, que também é o Dia “D” da iniciativa, de forma a levar a imunização não só ao “faltosos” da segunda dose — cerca de 21 milhões de pessoas estão em atraso, segundo a pasta —, mas também para os que já estão aptos a receber o reforço. A ação durará até 26 de novembro.

Estados e municípios, no entanto, têm autonomia para estabelecer os cronogramas de vacinação e podem definir as próprias regras. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi o primeiro estado a confirmar a dose de reforço para adultos após o anúncio da pasta.

"A ampliação tanto da segunda dose para o fornecimento do regime completo, quanto da primeira dose precisa ser nossa prioridade, junto do reforço às populações mais vulneráveis. Infelizmente, ainda vemos pessoas de determinadas faixas etárias que ainda não se vacinaram", avalia a biomédica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mellanie Fontes-Dutra.

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Conforme o anúncio, a estimativa da pasta é de que mais de 100 milhões de pessoas possam receber mais uma dose nos próximos meses. Essa população se subdivide entre 12,4 milhões em novembro, 2,9 milhões em dezembro, 12,4 milhões em janeiro, 21,5 milhões em fevereiro, 29,6 milhões em março, 19,6 milhões em abril e 4,3 milhões em maio.

"Os estudos mostram que as pessoas têm redução de efetividade da vacina frente ao coronavírus a partir do quinto mês, principalmente em um cenário de alta circulação viral e de novas variantes que têm alta transmissibilidade", explica a infectologista Ana Helena Germoglio. "É importante que se estenda essa dose para essa população que já tem mais tempo de segunda dose, para que elas não sejam frutos de nova contaminação. A gente precisa ir, também, atrás das pessoas que não tomaram a segunda dose ou sequer a primeira, independente do motivo".

Há uma exceção no caso da vacina da Janssen, registrada na bula da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como dose única. Pessoas que tomaram uma dose deverão receber a segunda depois de dois meses. Só então poderiam receber o reforço, preferencialmente com uma vacina de outra tecnologia, como a Pfizer.

Países da Europa tem vivido um revés da pandemia diante do aumento do número de casos e de hospitalizações por Covid-19. Nessa esteira, completar o esquema vacinal confere maior resposta imunológica aos indivíduos e contribui para barrar a transmissão. A dose de reforço viria como uma proteção adicional.

"A dose de reforço, na minha análise, traz um benefício de aumentar ainda mais essa proteção. Mas o que pode nos tirar do caminho que a Europa seguiu é a alta cobertura para o regime completo, além da manutenção das medidas mitigatórias, como o uso de máscara, distanciamento físico e a preferência por ambientes bem ventilados, sempre que possível", complementa Fontes-Dutra, divulgadora científica e coordenadora da Rede Análise COVID-19.

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