Em menos de dois anos, a Covid-19 matou mais crianças no Brasil do que doenças preveníveis com vacinação nos últimos 15 anos. Desde o início da pandemia, 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid-19 no país; entre 2006 e 2020, 955 crianças na mesma faixa etária morreram de doenças "reduzíveis pelas ações de imunização".
Os dados foram levantados pelo Uol, que consultou o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Eles explicam a pressa que médicos especialistas têm em iniciar a vacinação contra a Covid-19 em crianças.
O número de mortes infantis pela doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) representa apenas 0,18% do total, mas é bastante expressivo quando comparado com outras enfermidades que têm vacina. Em 2020, por exemplo, 30 crianças morreram em todo o Brasil de doenças preveníveis com a imunização - tuberculose e sarampo foram as principais:
- Tuberculose do sistema nervoso - 10 óbitos entre crianças
- Sarampo - 10 óbitos entre crianças
- Coqueluche - 4 óbitos entre crianças
- Meningite por Haemophilus - 3 óbitos entre crianças
- Tuberculose miliar - 2 óbitos entre crianças
- Hepatite aguda B - 1 óbito entre crianças
O número de mortes evitáveis vem caindo ano a ano diante do sucesso do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em 1996, por exemplo, 19 crianças morreram de difteria, 47 de tétano e 3 de rubéola - atualmente, nenhuma dessas enfermidades causa mortes no país. Veja o número de mortes de crianças por doenças preveníveis por vacinas no Brasil ao longo dos anos:
- 1996 - 254
- 2001 - 120
- 2006 - 62
- 2011 - 72
- 2016 - 32
- 2020 - 30
Na última quinta-feira (16) a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. Na ocasião, especialistas garantiram que o imunizante é seguro e fundamental não só para proteger as crianças contra a doença, mas também para diminuir a transmissão do novo coronavírus em todo o país.
A aprovação, que foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que chegou a ameaçar a Anvisa , ainda não foi viabilizada pelo Ministério da Saúde. No sábado (18), o ministro Marcelo Queiroga disse que só irá anunciar a decisão sobre o tema no dia 5 de janeiro .