O cantor Tom Parker, conhecido por sua participação na banda The Wanted, morreu nesta quarta-feira, aos 33 anos, em consequência de um tumor cerebral terminal. O diagnóstico de um glioblastoma em estágio avançado foi anunciado por meio de suas redes sociais em 2020. No ano passado, Tom chegou a apresentar uma melhora da doença, que era inoperável.
Porém, o glioblastoma é um câncer maligno e grave, sendo responsável pela maioria das mortes entre os pacientes com tumor cerebral. Quando descobriu o quadro, os médicos disseram que o cantor teria no máximo cerca de um ano e meio de vida.
“O glioblastoma é o tumor que nasce no cérebro mais agressivo que a gente encontra. Geralmente, esse paciente é diagnosticado depois de um quadro agudo, como uma dor de cabeça que dura semanas, até meses, ou uma crise convulsiva repentina. A evolução é bem rápida e é um diagnóstico raro”, explica a oncologista Daniele Ferreira Neves, do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro.
A esposa do cantor, Kelsey Hardwick, confirmou a morte em sua conta no Instagram. "É com o coração partido que confirmamos que Tom morreu hoje cedo ao lado de toda sua família. Nossos corações estão partidos. Tom era o centro de nosso mundo e não conseguimos imaginar uma vida sem seu sorriso e presença", escreveu Kelsey.
A banda da qual Tom fazia parte, The Wanted, começou em 2009, em Londres, no Reino Unido, mas ganhou destaque em 2012 com músicas como Glad you came e Chasing the sun. Em 2014, os cinco integrantes anunciaram um hiato.
Veja sintomas e como detectar o glioblastoma
O glioblastoma é um tumor maligno que nasce no Sistema Nervoso Central (SNC), ou seja, pode ocorrer tanto no cérebro, como na medula espinhal. Ele é altamente invasivo, ainda que não costume se espalhar para outras regiões do corpo.
Esse tipo de câncer é classificado como nível 4 na escala da Organização Mundial da Saúde (OMS) – que vai de 1 a 4 –, sendo, portanto, um dos diagnósticos mais agressivos. Não há fatores de risco comprovados que favoreçam o desenvolvimento do tumor. Por isso, não existem também maneiras conhecidas para a prevenção.
Seus sintomas dependem do local onde ele é encontrado. Quando numa área responsável pelos movimentos, por exemplo, pode comprometer a força de braços e pernas. Já numa parte ligada à comunicação, pode se manifestar impactando a capacidade de comunicação verbal.
O oncologista Rafael Jacob, do Hospital Marcos Moraes, especializado em câncer, destaca que casos como o de Tom, entre jovens, são ainda mais raros, uma vez que a incidência do glioblastoma ocorre principalmente entre os 60 e 65 anos.
“As principais manifestações clínicas são dor de cabeça, crises convulsivas e perda de funções, que variam de acordo com a localização do tumor. Elas podem ser desde fraqueza até paralisia de membros, alterações da fala, cognitivas, visuais e de mobilidade”, explica o especialista.
Segundo o grupo OncoClínicas, conforme o tumor cresce, ele ocupa um maior espaço no cérebro e intensifica sinais mais amplos como:
- Dores de cabeça;
- Dificuldade para aprender;
- Perda de apetite;
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- Perda de equilíbrio ou dificuldade para caminhar;
- Mudanças de humor;
- Náusea e/ou vômito;
- Mudanças de comportamento;
- Problemas para falar;
- Problemas de memória;
- Convulsões;
- Dificuldade de concentração;
- Mudanças na visão.
O diagnóstico do glioblastoma envolve, inicialmente, uma análise clínica do paciente pelo médico especializado. Se houver suspeita, o médico pode solicitar exames para verificar se há de fato a presença do tumor. Alguns deles são a tomografia computadorizada, a ressonância magnética ou uma biópsia – quando ocorre uma retirada de fragmentos do tumor para análise histológica e molecular.
Como é o tratamento
O tratamento varia de acordo com fatores como idade, estado de saúde do paciente e o tamanho e localização do tumor. Ele é focado em aumentar a qualidade de vida da pessoa, e não curá-la. Geralmente, o protocolo escolhido para o glioblastoma envolve uma cirurgia seguida de quimioterapia e radioterapia.
“A evolução é bem rápida e a possibilidade de cura é extremamente rara, mas os pacientes que não fazem o tratamento têm menor sobrevida, então vale a pena. Mas não é um tratamento que o objetivo principal seja a cura, é mais para controle de sintomas “, diz Daniele.
Em alguns casos, como o de Tom, o procedimento cirúrgico não é indicado. É o que acontece, por exemplo, quando o câncer está em estágio avançado ou em local que ofereça mais riscos do que eventuais benefícios.
“É um tratamento difícil de ser feito também porque não tem muitas drogas para esse tumor. Existem protocolos de pesquisa em outros países, mas não aqui. Esses tumores são raros, mas acontecem. A gente precisa estudar mais eles e investir para que as opções de tratamento melhorem”, defende a oncologista.
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