Bebê
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Um suposto atraso no desenvolvimento da fala da filha da influenciadora digital Virginia Fonseca e do cantor Zé Felipe, Maria Alice, de 1 ano, virou pauta nas redes sociais, no último domingo, após uma médica fazer uma postagem sobre a pequena. O assunto tira o sono de muitos pais e mães preocupados com o crescimento dos filhos. Porém, é importante levar em conta os marcos do desenvolvimento da criança, parâmetros que estipulam um tempo para o avanço em habilidades que vão desde a fala até as mudanças físicas.

O processo de desenvolvimento da fala de um bebê, por exemplo, tem início nos primeiros dias de vida, por meio do contato com as pessoas que estão ao seu redor. Em cerca de dois meses, o pequeno já é capaz de ter uma linguagem receptiva, isto é, consegue sorrir e emitir sons, por exemplo. Só após isso as primeiras palavras, como mamãe e papai, devem começar a surgir, o que é conhecido como linguagem expressiva.

Apesar de cada criança ter esses momentos em idades diferentes, a Caderneta da Criança, do Ministério da Saúde, estabelece limites para que isso aconteça. O caderno é um instrumento universal, direito de toda criança brasileira, onde há o registro de vacinação, curvas de crescimento e também o acompanhamento do desenvolvimento baseado nos marcos.

Segundo a caderneta, por exemplo, o limite para a criança começar a emitir sons, como 'gugu' e risadas, é entre dois e quatro meses. Já o para falar uma palavra é entre 12 e 15 meses, e cerca de três palavras entre 15 e 18 meses. O diagnóstico de um atraso na fala, no entanto, pode ser feito apenas por um especialista, que deve ser procurado caso os pais suspeitem de algum problema no desenvolvimento.

"A frase 'cada criança tem o seu tempo' hoje não é suportada mais pelas bases da neurociência. Então cada criança pode se desenvolver em um período distinto, mas existe um período máximo para a criança adquirir o desenvolvimento da fala. Se ela não adquirir naquele período, ela tem um atraso e precisa da intervenção de um especialista a tempo", explica a doutora em neuropediatria e presidente do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Liubiana de Araújo.

Os pais dos bebês podem perceber alguns sinais que indicam o atraso da fala já nos primeiros meses de vida. Esses indícios, apesar de se refletirem na linguagem expressiva, aparecem primeiro na linguagem receptiva. Isso porque mesmo antes de balbuciar as primeiras palavras, a criança se comunica através de gestos e olhares, o que já pode indicar um problema.

"Se você fala para a criança 'cadê a bola', ela olha pra bola. Mas a criança com atraso na fala você fala 'olha a bola', e ela não olha. Fala 'cadê o sapato do neném', e ela não olha. Isso já é um indício de que algo pode estar prejudicado nessa questão do desenvolvimento da fala", explica Liubiana.


O atraso da fala pode ter diferentes causas, como o comprometimento da audição. Segundo a doutora em neuropediatria, é comum que os pais relacionem o problema ao transtorno de autismo, mas os motivos são várias, desde atrasos cognitivos a transtornos isolados da comunicação.

Por isso é necessário procurar um pediatra assim que for notado algum indício, ou a qualquer sinal de dúvida. O médico, através de exames físicos e escalas de fala, irá avaliar o caso e direcionar para qual profissional e tratamento a criança será encaminhada, como fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas ou até psicólogos. O importante, como ressalta a neuropediatra, é buscar ajuda o quanto antes, pois maiores são as chances de recuperar o tempo do atraso.

"A janela de oportunidade do cérebro relacionada ao desenvolvimento da fala está aberta de zero a três anos. Então esse é um período ótimo pra gente estimular a linguagem verbal e tratar qualquer tipo de atraso", diz a especialista.

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